O atual cenário econômico do País tem refletido diretamente no mercado de locação de imóveis, com as empresas lançando mão de estratégias para atrair mais clientes e alugar os empreendimentos. Seguindo uma tendência já adotada no Sudeste do País, imobiliárias do Ceará já estão oferecendo até três meses de aluguel grátis.
Uma das empresas que adotou essa estratégia foi a A Predial, que já realiza essa promoção pela segunda vez. A primeira foi em novembro do ano passado e esta segunda edição vale durante todo este mês de julho. "O cliente que tiver seu cadastro aprovado neste mês só terá que pagar o aluguel em novembro e não terá que pagar mais nada depois", explica o gerente de locação da A Predial, Marlos Nobre. De acordo com ele, já foram fechados 30% a mais de contratos nesta primeira quinzena de julho em relação a igual período do mês passado.
"Além disso, o nosso portal na internet, que é uma ferramenta muito importante para nossa empresa, já chegou a triplicar os acessos depois do lançamento da campanha", pontua Nobre.
Facilidades
Segundo o gerente de locação, a imobiliária está sempre oferecendo facilidades para atrair mais inquilinos. "Em junho, tivemos uma promoção de descontos no aluguel, mas abatimentos normalmente já se consegue quando vai ser fechado o contrato. O cliente pede algum desconto e o proprietário acaba cedendo. Essa campanha dos três meses de carência já é mais atrativa", esclarece.
Adesão
Muitos proprietários viram na promoção uma chance de fazer negócio e aderiram à campanha. "Tivemos muito donos (de imóveis disponíveis para alugar) que aceitaram participar da promoção. Outros até aderiram depois, quando viram que realmente dá resultados. No caso dos imóveis residenciais, por exemplo, os proprietários têm garantido que o inquilino vai pagar o IPTU e o condomínio", esclarece Marlos Nobre.
O gerente explica, ainda, que a A Predial está sempre atenta às tendências do mercado para oferecer as melhores facilidades para o cliente. "Estamos sempre estudando outras ações que possam dar benefícios e se tornar um diferencial para nossa imobiliária. Inclusive, essa campanha de três meses de carência poderá ser estende por, quem sabe, mais 15 dias".
Recuo
Segundo o Índice FipeZap, o preço do aluguel em Fortaleza caiu 1,33% em junho, retração maior que a verificada em maio (-0,99%). No acumulado de janeiro a junho, o valor do aluguel encolheu 1,08%. Segundo o diretor de locação do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-CE), Rodrigo Costa, essa redução se deve à crise econômica pela qual o País passa.
"Poucas pessoas querem investir nesse mercado. E o padrão de vida das pessoas está baixando. Quem pagava R$1000 de aluguel não consegue mais. Então se muda para um imóvel de R$800", revela.
Outro fator que influencia os resultados do setor, é a tendência maior para compra do que para aluguel. "As pessoas estão comprando mais do que alugando. Nós conseguimos reverter um pouco isso, mas enquanto a economia não melhorar, não dá para reverter muito mais que isso", afirma.
Casos específicos
Segundo o diretor de locação do Creci-CE, campanhas como a da A Predial, que dão três meses de aluguel grátis, são casos específicos e não funcionam para todo tipo de imóvel. "Essas promoções, geralmente, são ofertadas para imóveis de alto padrão. Temos imóveis, por exemplo, disponíveis para aluguel há mais de um ano. Fechar um contrato através de uma facilidade como essa é um grande negócio. Mas acredito que não seja a solução, nem para Fortaleza nem para o mercado nacional", opina Costa.
Valor médio
Conforme o Índice FipeZap, o preço médio do metro quadrado em Fortaleza em junho foi o segundo mais barato do País, ficando em R$16,33, atrás somente de Goiânia (R$15,01).
O metro quadrado mais caro está na cidade de São Paulo, custando, em média, R$ 35,83, mais que o dobro do valor da Capital cearense. De acordo com o diretor de locação do Creci-CE, isso também se deve à instabilidade econômica.
"Olhando de longe, parece que o valor do aluguel tem caído, mas, na verdade, ele tem tido uma acomodação. Se observarmos o período entre 2010 e 2014, os aluguéis subiram de forma exponencial, muito acima da inflação, porque o governo fez uma maquiagem em torno dos resultados do país, fez as pessoas acreditarem que estava tudo bem e que poderiam gastar sem se preocupar. Mas hoje vemos que não era bem isso", afirma Rodrigo Costa.