IBGE: varejo não mostra crescimento em fevereiro

De acordo com dados apontados nesta terça (9), o setor só não recuou devido ao Carnaval

Os dados de fevereiro do comércio varejista sinalizam uma estabilidade, segundo Isabella Nunes, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A taxa acumulada em 12 meses passou de 2,2% em janeiro para 2,3% em fevereiro.

"Atividades que dependem de uma renda mais folgada das famílias não estão mostrando retomada (para o território positivo em 12 meses), só as atividades básicas. É uma característica do varejo atualmente", apontou Isabella Nunes. "A palavra estabilidade está muito presente nos resultados de fevereiro do varejo", completou.

Segundo a pesquisadora do IBGE, a recuperação no setor ainda é lenta em resposta a um mercado de trabalho com geração modesta de empregos. 

"A taxa de desocupação cresceu nesse mês de fevereiro, um milhão de desocupados a mais. A massa (salarial) está estável, por conta de uma reposição do salário mínimo. Se você não tem geração de empregos virtuosa, nem em quantidade nem em qualidade o comércio reage. A inflação está mais comportada do que no ano anterior, tem vários grupamentos com menor inflação, mas ainda assim a massa de salários que circula na economia não cresce", ressaltou Isabella Nunes.

Carnaval

As vendas de fantasias e adereços impediram que o setor varejista recuasse. Ao ficar na estabilidade, o setor permanece 6,6% abaixo de seu nível recorde, alcançado em outubro de 2014. A projeção para fevereiro deste ano, feita por economistas entrevistados pela agência Bloomberg, era de queda de 0,4%.

Enquanto o setor varejista não despontou, a compra de fantasias, vestimentas e calçados para a comemoração da data impulsionou o segmento de tecidos no mês, cuja alta chegou a 4,4%. Outro grupo que avançou foi o de artigos de uso pessoal e doméstico, que engloba as lojas de departamento, reforçando o peso do Carnaval.

Na outra ponta, ficaram os segmentos de hipermercados e supermercados, combustíveis e lubrificantes e móveis e eletrodomésticos, todos em queda no período, o que garantiu o equilíbrio e trouxe o desempenho de 0%.

Para Isabella Nunes, o avanço dos preços dos alimentos no domicílio, que cresceu 1,24%, de acordo com o IPCA de fevereiro, inibiu a compra desses produtos.

"O resultado de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo foi em parte influenciada pela queda nas vendas dos alimentos em razão do fator preço", explica.

Na comparação com o mês de fevereiro de 2018, porém, o volume de vendas do varejo cresce 3,9%. Isabella, contudo, explica que há o efeito do período em que se comemora o Carnaval. Pelo evento ter caído em março, a pesquisa deste ano considerou dois dias úteis a mais do que em fevereiro de 2018.