A abertura do XII Seminário de Gestores Públicos — Prefeitos Ceará 2024 nesta segunda-feira (17) no Centro de Eventos do Ceará contou com a alta expectativa dos presentes pela aprovação do marco legal do hidrogênio de baixa emissão de carbono, representado sobretudo pelo hidrogênio verde no País (H₂V).
Em entrevista ao Diário do Nordeste, o secretário do Desenvolvimento Econômico do Ceará, Salmito Filho, ressaltou que o projeto de lei que trata especificamente sobre o H₂V já foi aprovado na comissão especial do tema no Senado Federal, presidida pelo senador cearense Cid Gomes (PSB), e deve entrar em pauta no plenário da Casa para votação nesta terça-feira (18).
Segundo Salmito Filho, é essencial a aprovação do marco legal para que sejam tomadas as primeiras decisões de investimentos e a concretização dos investimentos de H₂V em larga escala. De acordo com o secretário, o Estado já conta com 37 memorandos de entendimento (MoUs) para instalação de indústrias especializadas na produção do hidrogênio verde.
Alguns setores industriais exigem energia mais intensiva, como as cimenteiras e a siderurgia. Para produzir o cimento e o aço verde, tem que necessariamente utilizar o H₂V. . Não é por acaso que os Estados Unidos estão implantando a reindustrialização verde, investindo para atrair para lá a cadeia produtiva do H₂V. Estamos no caminho certo, o Ceará é o estado que se encontra em uma situação mais avançada, com um projeto de lei sendo votado.
A importância do composto para a economia do Estado evidencia também a importância da siderurgia, que conforme Salmito, foi responsável por mais do que dobrar as cifras do Produto Interno Bruto (PIB) da indústria cearense.
"Com a produção de H₂V, a siderúrgica poderá se planejar e se preparar melhor para fazer a transição energética e passar a produzir o aço verde. A siderúrgica exporta aço, e um dos mercados é a União Europeia. Lá, já foi criada uma legislação para sobretaxar os produtos com alta emissão de CO₂. O produto verde não vai entrar com sobretaxa e terá mais competitividade", projeta.
O secretário ainda apresentou dados relativos ao potencial de geração de energias renováveis no Ceará, que pode ser ainda mais potencializado com o hidrogênio verde. Somados, os modais solar e eólico podem produzir, na máxima capacidade, quase 1 mil gigawatt (GW) de eletricidade limpa.
Esse é o potencial de geração de energia (solar, eólica e híbrida) do Ceará. Segundo Salmito Filho, é mais de duas vezes a atual capacidade instalada do Brasil.
Sustentabilidade em foco
Na tarde desta segunda-feira, o secretário discursou na palestra "Indução e fomento à geração de oportunidades de negócios para o desenvolvimento regional sustentável" no Seminário dos Prefeitos.
A atração de indústrias foi outro ponto ressaltado por Salmito Filho. Segundo ele, nos quatro primeiros meses de 2024, o Ceará cresceu 4,4% no setor industrial, acima da média do Nordeste (3,2%) e do Brasil (1%).
"Conseguimos atrair 60% a mais de novas indústrias em 2023. Isso significa 79 indústrias atraídas no ano passado, tanto é que tivemos agora, no primeiro quadrimestre de 2024, segundo o Banco Central, o maior crescimento de atividade econômica e industrial do Nordeste brasileiro", celebra.
Além de Salmito Filho, participaram do evento o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT), o presidente do Banco do Nordeste, Paulo Câmara, e o prefeito de Várzea Alegre, José Helder (MDB). Em pauta, as boas práticas para a sustentabilidade, como reciclagem, coleta seletiva e financiamentos em energias renováveis.
Na apresentação de Paulo Câmara, o presidente do Banco do Nordeste destacou que, nos últimos cinco anos, foram investidos R$ 32 bilhões nas chamadas "finanças verdes", empreendimentos ligados às energias renováveis.