Diferentemente de vários setores da economia, o comércio eletrônico brasileiro aparenta estar alheio ao momento difícil que o País atravessa atualmente. Além de registrar, em 2014, uma alta de 24% nas vendas, superando em quatro pontos percentuais as estimativas iniciais, segundo a e-bit (uma consultora de compras online), o e-commerce nacional projeta avançar ainda mais neste ano, na contramão da crise. Para se ter uma ideia, uma pesquisa encomendada pelo MercadoLivre ao Ibope Conecta apontou que 85% dos 520 empreendedores entrevistados estão otimistas para 2015.
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Segundo o levantamento, um terço dos empreendedores que se mostraram otimistas para este ano aposta em avanço de mais de 25%, no setor. Sobre a alta de suas próprias vendas, 87% creem que irão crescer. "O nosso setor representa apenas 4% do varejo total, ou seja, ainda tem muitas oportunidades para crescer, independentemente da política econômica", comenta o diretor-geral do MercadoLivre para o Brasil, Helisson Lemos.
Fatores preponderantes
Para Guilherme Mazzola, gerente da MercadoShops, plataforma de gestão e criação de lojas oficiais do MercadoLivre, o comportamento ascendente do e-commerce, mesmo em um cenário teoricamente desfavorável, é puxado, principalmente, por três fatores. "O primeiro ponto que ajuda o setor a continuar crescendo é o custo do empresário, que é bem menor do que no comércio tradicional, já que não existe loja física e ele pode fazer uma escala melhor para seus funcionários", conta.
Além disso, continua Mazzola, na internet, há a questão da multiplicidade de canais, ou seja, um mesmo empreendedor pode estar presente em várias vertentes do mercado, sem precisar abrir novas lojas. "Uma loja virtual, com uma mesma tecnologia, pode apresentar diversos canais ao mesmo tempo. Além da sua própria página, o comerciante pode estar nas redes sociais, em sites de venda, em dispositivos móveis. Isso eleva o alcance das mercadorias", diz. O terceiro fator citado por Mazzola são as ferramentas do e-commerce, que são mais integradas para ajudar na gestão e otimizam operações. "O comércio eletrônico possui mais soluções do que o físico. Os empreendedores economizam tempo. Muitos possuem poucos funcionários e, mesmo assim, lidam com um volume de venda enorme".
Nordeste deve ser destaque
A pesquisa do Ibope Conecta também apontou que, para 61% dos entrevistados que planejam ampliar suas vendas para outras regiões, o Nordeste será o grande destaque de 2015, seguido do Sul, Centro-Oeste e Norte. Para os entrevistados, o Sudeste não deve ter, neste ano, um avanço tão significativo, tendo em vista que a região está praticamente saturada, tendo registrado crescimento de 75% no ano passado.
"Apesar de 2015 ser apontado por analistas como um ano de recessão e calmaria no mercado financeiro, encontramos empreendedores confiantes, voltados a gerar oportunidades de negócios que gerem crescimento", destaca Laure Castelnau, diretora executiva do Ibope Conecta.
Cuidados
Para quem deseja aproveitar o bom momento do e-commerce e adentrar nesse mercado, Guilherme Mazzola destaca que é preciso ter alguns cuidados de gestão para fazer o negócio decolar. "Hoje em dia é relativamente fácil entrar no comércio eletrônico, mas isso requer preparação, principalmente para quem é acostumado com o varejo físico. Quem vai cuidar site? Qual a ferramenta adequada? Como enviar para todo o País? São questões importantes", observa.
Áquila Leite
Repórter