A busca por morar em regiões que promovam maior qualidade de vida ou que sejam perto do trabalho tem feito milhares de fortalezenses ocuparem bairros fora do eixo central, um movimento que só cresce. Assim como aconteceu com a Maraponga há alguns anos, outros bairros como o Presidente Kennedy passam por um 'boom' imobiliário.
O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon CE), Patriolino Dias, pontua que, além da região, os bairros ao Sul de Fortaleza também têm apresentado uma crescente movimentação.
“De uns três anos para cá, temos visto o crescimento de bairros como Guararapes, Luciano Cavalcante. As pessoas estão buscando cada vez a qualidade de vida e bairros com menos ocupação, que acabam crescendo de forma mais ordenada”.
“O Presidente Kennedy tem uma demanda grande de pessoas que são classe média e estão ascendendo, mas não querem sair do bairro. Houve uma grande transformação na região”, acrescenta o presidente do Sinduscon-CE.
Localizado na Regional 3, o Presidente Kennedy, por exemplo, recebe esse movimento desde 2014, especialmente após a construção do Shopping RioMar Kennedy e reforma do North Shopping Fortaleza. O desenvolvimento da região com outros centros comerciais também tem sido responsável pelo aumento de habitantes. O setor de serviços tem se fortalecido nos últimos anos na região.
De acordo com dados do Sinduscon-CE, entre 2014 e 2016, foram lançadas 1.482 unidades no Presidente Kennedy, enquanto de 2011 a 2013 nenhum lançamento havia sido registrado. O valor de vendas no bairro ultrapassa R$ 500 milhões.
No Passaré, outra região que tem crescido bastante, entre 2011 e 2020, 2.344 unidades foram lançadas, sendo quase metade (1.166) entregues de 2018 a 2020. Somente em lançamentos, o impacto nos últimos anos é de R$ 436 milhões.
Novo urbanismo
De acordo com um estudo da Construtora Moura Dubeux, a população no bairro cresceu 9,56% nos últimos 10 anos, chegando a contabilizar 25,2 mil habitantes em 2020.
Esse movimento aconteceu, principalmente, após a construção de um complexo de empreendimentos pela empresa e da revitalização de espaços públicos, como o Polo de Lazer da Sargento Hermínio e construção do Parque Rachel de Queiroz.
“As pessoas seguem atraídas por projetos inseridos num contexto urbano de múltiplas possibilidades, com infraestrutura que vá além do básico. Querem espaços públicos de lazer qualificados”, explica a arquiteta e urbanista da Moura Dubeux, Mara Costa.
Com o projeto, chamado de Boulevard Shopping Residence, o objetivo é integrar moradia, local de trabalho e lazer a partir de uma corrente conhecida como Novo Urbanismo que surgiu nos Estados Unidos e na Europa na década de 1990. Além disso, o projeto prioriza áreas verdes e espaços comunitários.
Com a oportunidade de empreender na região que se caracteriza por ter vários ‘vazios urbanos’, onde antigamente funcionavam fábricas, a arquiteta explica que o projeto foi pensado para trazer uma proposta diferenciada para o local que pudesse, inclusive, gerar uma mudança de comportamento e uma maior valorização desses espaços de lazer.
Na região, a construtora também lança em 2021 o empreendimento Jardino, com ampla área verde e dois blocos e 380 unidades.
R$ 180 milhões previstos
Há pouco mais de um ano da instalação na capital cearense, a Construtora Tenda também acompanha esse movimento de crescimento com investimento em empreendimentos no Passaré, na regional 8. Próxima à Arena Castelão, a região apresenta uma boa demanda e os 280 apartamentos do condomínio Jardim Passaré foram vendidos um ano antes da entrega.
O diretor da regional Nordeste, Rodrigo Hissa, explica que Fortaleza é uma cidade com alta demanda e uma posição geográfica bastante propícia, o que levou a Tenda à capital. Além disso, cidades da Região Metropolitana, como Caucaia e Maracanaú, também estão na mira dos investimentos.
“Nossa meta para 2021 é de R$ 180 milhões em novos empreendimentos, o que representa quase 3 vezes o que fizemos ano passado. Para isso, conseguimos investir em bons terrenos, a gente está tentando espalhar nossos projetos em bairros onde existe uma demanda”.
Os próximos lançamentos previstos para 2021, segundo Hissa, são localizados na região da Washington Soares, na Maraponga e outro no Passaré. “Esses três projetos estão em desenvolvimento na Prefeitura de Fortaleza e esperamos que seja liberado quanto antes para iniciar as vendas”.
Para selecionar os bairros, a construtora realizou uma pesquisa de mercado e identificou uma preferência por locais como Messejana, Maraponga, Passaré, Henrique Jorge e Barra do Ceará. Com foco na moradia popular, os preços praticados são de uma média de R$ 130 mil, o que possibilita que uma grande parte população consiga acesso à casa própria.
“Procuramos colocar projetos bem posicionados, que tenham uma infraestrutura adequada, mobilidade urbana e segurança para a família. A pandemia trouxe um novo entendimento de imóvel, de moradia, as pessoas querem conforto e segurança”, conclui.