Culturas irrigadas se ressentem com a seca

Ameaça arrefeceu mais uma vez a expectativa da safra para este ano, que é 40,6% menor que a realizada em janeiro

O baixo volume de chuvas no Ceará pelo terceiro ano seguido começa a ameaçar a produção das culturas irrigadas, as quais garantiam uma colheita mínima, quando as demais áreas produtivas do Estado eram abatidas pela seca, segundo indica análise publicada no Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado ontem.

"Cresce a problemática relativa à agricultura irrigada, pois no Ceará, em 25/09/2014, os 149 açudes, que possuem a capacidade de armazenarem 18.826.921.455 metros cúbicos (m³), possuíam apenas 28,41% da capacidade de armazenamento, correspondendo a 4.999.841.377 (m³)", acusa a nota do Levantamento.

Ao compilar dados da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) constatou que os perímetros irrigados que dependem dos açudes do Sertão de Crateús tem maior risco de desabastecimento, pois os dez açudes encontram-se apenas com 1,59% da capacidade total.

Em condições não muito distantes estão: Região do Curu (3,92%, em 13 açudes) e Baixo Jaguaribe (4,76% de apenas um açude). Já o Alto Jaguaribe conta com 47,35% da capacidade de 23 açudes. "As demais Regiões não chegam a 40% da capacidade total armazenada. A Cogerh avalia que 105, dos 149 açudes públicos, estão com volumes inferiores a 30% da capacidade, o que corresponde a 70% dos reservatórios em situação crítica", detalha o IBGE.

Estimativa de safra menor

Das 50 culturas de grãos cearenses investigadas, 35 apontaram uma variação negativa para a colheita deste ano por sofrer influência direta desta falta de água, totalizando uma estimativa de safra de 635.021 toneladas no Estado. Com isso, o montante representa um recuo de 10,07%, quando comparado com a última pesquisa.

Elaborado pelo IBGE, com base em informações colhidas junto às regiões produtivas do Estado, entre 16 de agosto e 15 de setembro deste ano, a nova projeção de safra faz-se ainda menor 40,6%, ante a primeira estimativa do ano, de 1,06 milhões de toneladas.

No entanto, o relatório do LSPA aponta que as 635.021 toneladas esperadas para 2014 ainda apresentam-se maior em 16,82%, quando comparadas com a safra de 2013 - ano de seca severa no Interior.

Variação dos grãos e frutas

Fora os 35 grãos de variação negativa no período investigado, outros dez mantiveram-se inalterados e cinco (mandioca irrigada, goiaba irrigada, manga de sequeiro, manga irrigada e tangerina) tiveram a colheita estimada para mais.

O mesmo movimento de redução da safra também foi apontado na produção de frutas, na qual 12 das 19 culturas recuaram entre agosto e setembro últimos. Assim, afirma o IBGE, a produção esperada é de 1.364.877 toneladas, decrescendo 2,56%, comparando-se ao mês anterior (1.400.703 t) e 0,92%, comparando-se ao primeiro prognóstico (1.377.531 t), mas ainda crescendo 24,59% em relação à safra obtida em 2013 (1.095.518 t).