Cufa inicia projeto para explorar potencial de serviços nas favelas

A Central Única das Favelas lançou, ontem, a Liga de Empreendedores Comunitários para impulsionar iniciativas de negócios nas comunidades do País. Mercado teria um poder de consumo de R$ 50 bilhões em todo o Brasil

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Unir as comunidades para organizar a demanda e assim movimentar o mercado nas periferias dos grandes centros urbanos. É assim que a Liga de Empreendedores Comunitários (LEC) espera ganhar força para explorar um potencial que, segundo a Central Única das Favelas (Cufa), está estimado em mais de R$ 50 bilhões. A estratégia, segundo Celso Athayde, criador da Cufa e da Favela Holding, ao explorar projetos e ideias empreendedoras, principalmente ligados ao setor de serviços, as comunidades e favelas podem causar uma “revolução” no mercado. No Ceará, o potencial seria proporcional ao desempenho estadual da economia em relação aos números do País.

“O mundo é feito de nichos, mas o nicho das favelas não era representado, por exemplo, no Congresso Nacional. Como que 37 milhões de pessoas não têm representação? Quando as favelas se unem, elas passam a ter os seus valores reconhecidos, e um desses valores é o empreendedorismo”, afirmou Celso Athayde. “E como a gente vive em um País, com alto desemprego, o empreendedor acaba se auto-potencializando”, completou.

Segundo o criador da Cufa, o projeto da Liga de Empreendedores deverá movimentar a economia a partir da “base da pirâmide”, a partir da estruturação conjunta da demanda da favela para que grandes empresas de serviços possam se instalar nas comunidades ou para fornecer oportunidades dos moradores das favelas empreenderem. Essa movimentação, para Athayde, pode trazer benefícios para as comunidades, mas também para o sistema econômico em grandes centros, como Fortaleza. 

Além disso, ao empreender, os novos negócios acabariam ajudando a reduzir a taxa de desemprego do País. “Empreendimento requer coragem, investimento e aptidão, mas o fato de existir um empreendedor, que é empregador, estimula a empregabilidade máxima. Se você tem muitos empreendedores nas favelas, tem empregos sendo criados, trabalhando na favela e na base da pirâmide”, disse.

Impacto

“E criando vagas nas favelas você movimenta a economia longe dos grandes centros. Se você tem atividade nas favelas, você tem um impacto menor no trânsito, na educação, porque as pessoas terão mais tempo e por aí vai. Empreender na favela é pensar nessa rede também”, defendeu.
No Ceará, a perspectiva também é boa sobre o novo projeto, segundo Preto Zezé, presidente da Cufa Global. Zezé nasceu e foi criado na comunidade das Quadras, na Aldeota. 

“A gente vê muita potência. Na comunidade das Quadras, temos cerca de 440 casas, e porque as casas são verticalizadas você deve ter mais de três mil pessoas. Se eu pego uma renda básica média familiar de R$ 2.500, nós temos mais de R$ 1 milhão mensal envolvido diretamente. E não estamos considerando os serviços indiretos que essa movimentação financeira pode ocasionar, então, temos muita coisa a explorar” ponderou.

A Cufa também deverá pensar um projeto para incentivar a regularização dos empreendedores com novos negócios nas favelas.