O IGP-M, responsável pelo reajuste da maioria dos contratos de aluguel no Brasil, caiu 0,64% no mês de setembro. Mesmo com a desaceleração do índice, a "inflação do aluguel" acumula alta de 24,86% no acumulado dos últimos 12 meses, de acordo com a Fundação Getulio Vargas (FGV).
Isso quer dizer que os inquilinos que pagaram um aluguel de R$ 1.250 em agosto, terão o valor reajustado para R$ 1.560,75 em outubro, totalizando R$ 310,75 a mais nas contas.
A variação negativa representa uma desaceleração em relação ao avanço de 0,66% do índice em agosto. Nos nove primeiros meses do ano, o IGP-M acumula alta de 16%. Os especialistas recomendam a renegociação do valor do reajuste junto ao proprietário da residência para evitar o endividamento.
O resultado final do indicador ocorreu com as altas do Índice de Preços ao Consumidor (1,19%) e do Índice Nacional de Custo da Construção (0,56%). Já o Índice de Preços ao Produtor Amplo recuou 1,21% no período.
Possível mudança no indexador para os contratos de locação
O IGP-M é frequentemente usado como referência para reajustes de contratos de locação de imóveis. Por isso, é chamado de inflação do aluguel.
Com a disparada ao longo da pandemia, o indicador se descolou da inflação oficial medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
Em 12 meses até julho, período com dados mais recentes, o IPCA subiu 8,99% -mesmo menor, a variação também assusta analistas e consumidores.
A escalada do IGP-M vem provocando uma série de debates sobre o uso do índice como indexador para os contratos de locação, já que a maior parte de sua composição vem de preços de matérias-primas agrícolas e industriais.
A legislação sobre o assunto diz que os contratos devem prever um índice de correção que será utilizado anualmente. Contudo, não há obrigação de escolha pelo IGP-M.
O indicador busca medir os preços ao longo de diferentes setores da cadeia produtiva -de matérias-primas, passando pela construção, até serviços e bens finais.
Entenda a variação do IGP-M
A variação do IGP-M é composta por três indicadores: IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo), IPC (Índice de Preços ao Consumidor) e INCC (Índice Nacional de Custo da Construção).
O IPA, que capta o movimento de preços de matérias-primas agrícolas e industriais, é aquele com o maior peso. Responde por 60% do IGP-M. Ou seja, o aumento de commodities pode gerar reflexo nos valores de locação de imóveis comerciais e residenciais.
O IPC, por sua vez, representa 30% do IGP-M. O INCC é o responsável pelos outros 10%.