A tecnologia 5G deve chegar às capitais brasileiras até julho de 2022 após o leilão que permite às empresas de telecomunicações a operação das novas faixas para uma internet mais rápida, realizado na quinta-feira (4) e sexta-feira (5). Mas como Fortaleza está se preparando para a nova realidade?
O professor Emanuel Bezerra Rodrigues, do departamento de Computação da Universidade Federal do Ceará (UFC), segmenta essa preparação em dois aspectos: técnico e jurídico.
Do ponto de vista técnico, ele pontua que para uma cidade receber a tecnologia é preciso que ela tenha uma boa infraestrutura de fibra ótica.
“A cidade precisa estar mais conectada, com uma estrutura bem feita de fibra ótica. Isso porque as antenas do 5G são a ponta final da comunicação e os dispositivos vão se conectar às antenas, então é preciso uma boa infraestrutura de rede para essas antenas”, explica o professor.
Na avaliação dele, Fortaleza “está muito bem servida nesse sentido”. “Nós temos várias empresas de telecomunicações, então já temos uma cobertura muito boa de fibra ótica na cidade”, diz.
Bezerra também destaca como ponto positivo a conexão da Capital com importantes cabos submarinos e a existência de data centers (centros de dados) de grandes empresas de computação em nuvem, a exemplo da Amazon.
Veja os aspectos técnicos nos quais Fortaleza desponta para o 5G
- Boa oferta de empresas de telecomunicações
- Cabos submarinos
- Data centers de grandes empresas de computação em nuvem
- Boa cobertura de fibra ótica na cidade
Âmbito jurídico
Ele explica que no aspecto jurídico, a cidade precisa estar preparada para autorizar a instalação de antenas - já que a tecnologia 5G exige uma quantidade muito maior delas em relação ao 4G.
“Essa instalação pode ser facilitada caso a legislação municipal seja flexível e favorável para que empresas que vão poder explorar o 5G façam essas instalações”.
De acordo com a Prefeitura de Fortaleza, a Capital está apta a receber as antenas de internet 5G em decorrência da Lei Complementar nº 230, de 2017, construída em consonância com legislação federal de 2015 (Lei Geral de Antenas).
Além disso, outro fator que carimba Fortaleza como habilitada para a nova tecnologia, conforme o executivo municipal, é a governança digital que o município possui.
A Prefeitura explica que no caso das antenas, o processo para instalação pode ocorrer, na maioria das vezes, de maneira autodeclaratória: a empresa preenche o sistema com os dados necessários, anexa os documentos requeridos e recebe a licença, caso não seja verificada incorreção pelo sistema.
Outra facilidade é que a lei de Fortaleza oferece a isenção de licenciamento para os chamados postes sustentáveis ou biosites.
Esses postes metálicos atuam na iluminação pública e também suportam todos os equipamentos necessários para a instalação de uma Estação Rádio-Base (ERB) no interior de sua própria estrutura. As antenas, nesse caso, são percebidas como um prolongamento do próprio poste.
O que muda com o 5G?
O professor do departamento de Computação da UFC explica que, na prática, em um curto prazo, as mudanças a serem percebidas em relação ao 5G estão relacionadas a uma melhor qualidade de conexão da internet móvel.
“O que vai mudar é que, se ele tiver um celular compatível com a tecnologia 5G, a qualidade de streaming vai ser melhor por causa das altas taxas de transmissão e a conexão será mais estável. Os aplicativos vão ser acessados de maneira mais rápida, com menos interrupções”, detalha Bezerra.
Futuramente, essa qualidade maior deve ser percebida também na banda larga. “Tem um aspecto que pode mudar muito o mercado, que é a utilização do 5G para internet banda larga fixa”.
Hoje, nós estamos acostumados a ver a internet por cabos. As operadoras levam a fibra ótica, os cabos e você paga o plano. Com o 5G, o acesso pode ser feito dentro da casa do consumidor com um aparelho como se fosse um roteador sem fio. Mas ele não será conectado ao cabo ou fibra ótica e sim com a antena 5G. Provavelmente veremos as empresas ofertando esse tipo de serviço”.