A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou na última terça-feira (18) a revisão tarifária da Enel Distribuição Ceará, prevendo um aumento médio de 3,06% nas contas de energia. A alta passou a vigorar no último sábado (22).
Para os clientes residenciais, a alta será, em média, de 4,60%, mas o aumento chega a 11,54% para os consumidores de áreas rurais, devido à retirada do desconto definido pelo Governo Federal em 2018. Os clientes de média e alta tensão, em geral, indústrias e grandes comércios, terão uma redução de, em média, -3,77%.
Apesar de o índice deste ano ser bastante inferior aos 24,85% de alta do ano passado, o consumidor deve ficar de olho no consumo, já que a expectativa para o ano que vem é que o aumento seja maior.
Isso porque a alta nas contas neste ano é referente a uma revisão tarifária, momento em que a cada quatro anos as distribuidoras revisam os custos da empresa e reajustam as tarifas com base nisso.
De acordo com o diretor técnico do Sindicato das Indústrias de Energia e de Serviços do Setor Elétrico do Estado do Ceará (Sindienergia), Daniel Queiroz, historicamente é comum que a revisão tarifária tenha patamares mais baixos que os reajustes anuais.
Ele destaca que os reajustes anuais da Enel nos últimos 13 anos no Ceará foram de em média 9%, salvo nos anos de revisão tarifária. É esperado que no próximo ano a alta nas contas venha próxima desse patamar.
Quanto as contas vão subir?
Nas simulações feitas pelo Sindienergia com base em várias faixas de consumo residencial, a taxa de reajuste média ficou em 2,58%.
Os cálculos foram feitos sem contar com o acionamento de bandeiras tarifárias que tragam cobrança adicional nas contas e considerando a cobrança de ICMS de 20%.
Consumo (kWh) | Valor em 2022 | Valor em 2023 | Aumento |
150 | R$ 155,51 | R$ 159,49 | 2,559% |
200 | R$ 202,35 | R$ 207,66 | 2,624% |
250 | R$ 249,19 | R$ 255,82 | 2,661% |
500 | R$ 527,38 | R$ 540,64 | 2,514% |
1000 | R$ 1.041,80 | R$ 1.068,30 | 2,546% |
Reajuste, revisão e bandeiras tarifárias
Daniel Queiroz esclarece que existem três formas diferentes para haver o aumento nas contas de energia: pelas bandeiras, que são acionadas quando há necessidade hídrica, pelo reajuste anual e pela revisão tarifária, que ocorre a cada quatro anos. Em anos que há revisão tarifária, não é feito o reajuste.
Ano que vem o ajuste tarifário volta e a média tem sido na casa de 9%, ano que vem devemos ter patamares elevados de aumento”.
Por conta disso, ele afirma que o consumidor não deve ficar em uma zona de conforto, buscando um consumo eficiente em casa ou mesmo a geração própria de energia. Até porque, apesar de estarmos atualmente sob a bandeira verde, que não traz cobrança adicional nas contas, a situação hídrica pode ser imprevisível.
“Estamos com bandeira verde, mas o clima é imprevisível. A cada 5 anos as bacias hídricas têm tido transformações em suas reservas. Não podemos correr o risco como foi em 2021. A gente evita sendo eficiente no consumo e produzindo sua própria energia”, ressalta.
Cautela para evitar aumento
A promotora de vendas Vanda Silva, de 59 anos, fica atenta aos gastos com energia na sua casa para evitar um maior gasto na hora do boleto. Ela conta que o valor que ela paga variou nos últimos meses de acordo com o uso de eletrodomésticos na sua casa.
“O que a Enel está precisando é de concorrente, porque é um absurdo aumentar. O que eu vou ter que fazer? Não vou usar ferro, vou usar máquina de lavar só uma vez por semana, usar ar-condicionado só em urgência. Porque se eu continuar, vai para R$ 600. O salário não aumenta, mas tudo aumenta”, reclama.
Hoje ela já tem algumas práticas para conseguir economizar na conta de energia. Ela deixa para usar máquina de lavar somente uma vez por semana, evita passar roupas e desliga o bebedouro quando sai de casa, para diminuir o uso de energia.
Com isso, seu plano é que sua conta que hoje gira entre R$ 200 e R$ 300 permaneça na faixa dos R$ 200.