O comércio de carros usados sempre foi uma alternativa mais econômica para quem quer adquirir veículo próprio. No entanto, com a pandemia e a suspensão do funcionamento presencial de diversos setores, o mercado arrefeceu e encara queda nos estoques e previsão de aumento nos preços, mesmo com as vendas em baixa.
Uma estimativa do Sindicato dos Revendedores de Veículos Automotores do Ceará (Sindivel) aponta que o volume de vendas caiu 75% em março de 2021 sobre fevereiro.
Com a liberação para a retomada de parte do setor econômico no último sábado (10), o setor voltou a perceber aquecimento, mas ainda em ritmo lento, conforme José Everton Fernandes, vice-presidente do Sindivel.
“Não voltamos com a mesma intensidade que teve no ano passado, quando passamos muito tempo fechados e houve um cenário mais positivo. O auxílio emergencial colaborou para esse contexto, mas, dessa vez, a expectativa não é a mesma”, afirma.
Mesmo com boa parte das vendas acontecendo em meio virtual, Fernandes pontua que, para o mercado, o formato não é 100% favorável.
Outro ponto salientado por ele é que a restrição do funcionamento aos sábados - já que nos fins de semana há lockdown - arrefece as vendas, pois é o dia em que as pessoas têm mais tempo para ir às revendedoras.
Dicas para a compra
Apesar disso, quem está planejando comprar carro pode ver nos seminovos uma saída para economizar dinheiro, já que alguns veículos 0 km conhecidos como “populares” estão chegando a custar quase R$ 80 mil.
“Em condições normais de mercado, você encontra um carro com um ano de uso com uma depreciação do valor em 20%, o que se torna algo atrativo para o consumidor”, explica Fernandes.
O vice-presidente do Sindivel alerta, entretanto, que o comprador busque sempre revendedoras estabelecidas para a transação comercial, pois só assim ele terá como garantir a procedência do veículo. “Esses estabelecimentos são obrigados, por lei, a dar a garantia sobre o estado do carro”, reitera.
Há ainda revendedoras que emitem um laudo técnico do automóvel, que consta o estado físico do carro, se houve pintura ou retoques por exemplo, além de outras informações como a veracidade do chassi, condições do motor, etc. Este documento custa, em média, R$ 250.
Financiar ou não?
Após decidido o modelo a ser comprado, cabe ao consumidor optar pela melhor forma de pagamento. Fernandes orienta que, quem puder fazer o investimento à vista, o recomendado é sempre não contrair dívidas, já que, no financiamento, são cobrados juros.
“Quanto menos endividamento melhor, mas dependendo da necessidade, um financiamento passa a ser uma opção. Depende de cada caso”.
Os pagamentos à vista têm ainda uma vantagem, pois o consumidor pode conseguir descontos. No entanto, Fernandes ressalta que essas negociações não estão sendo muito praticadas, pois as revendedoras estão com dificuldades de repor seus estoques.
Essa falta de oferta tem causado um desequilíbrio no mercado, com uma demanda maior do que a capacidade atual. Por isso, Fernandes projeta um aumento no preço dos seminovos. “Até normalizar a produção de veículos novos vamos passar por esse processo de aumento do valor. Atualmente, no caso de hoje, esses carros estão chegando a ser mais próximo do preço de um novo”, afirma.