Iogurte de R$ 12 por R$ 6, biscoito recheado de R$ 3,50 por R$ 1,50 e uma peça de salame que custaria por volta de R$ 105, por apenas R$ 15. Apenas um detalhe: o consumo precisa ser imediato. Os "vencidinhos", como são conhecidos os alimentos próximos ao vencimento, são próprios para o consumo.
O comércio desses produtos, também chamados “fifos”, tem ganhado espaço na periferia de Fortaleza, atraindo consumidores com descontos de até 70% em meio ao aumento generalizado de preços.
De acordo com o presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), Nidovando Pinheiro, a prática tem sido recorrente tanto em grandes redes de supermercados como em mercadinhos de bairro.
Nas periferias, os fifos se tornam uma forma de fugir do arroz e feijão cotidiano e colocar produtos tidos como supérfluos também na mesa.
Chegada ao consumidor
Alguns produtos, no caso de lacticínios, têm uma vida útil mais curta e nem sempre conseguem sair das prateleiras em tempo hábil. Também ocorre de itens novos no mercado não terem a vazão esperada, sendo necessário queimar o estoque para que a indústria não tenha prejuízo.
Os “vencidinhos” são chamados fifos, fazendo relação ao sistema de logística Fifo (ou Peps), utilizado nas indústrias e comércios de produtos perecíveis. A sigla significa “First In, First Out”, ou “Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair”.
Utilizando esse modelo, as indústrias de alimentos conseguem perceber quais produtos já estão próximos ao vencimento e ainda não foram vendidos. E, assim, buscam estratégias para tirá-los de estoque.
Quando tem uma determinada quantidade de dias para o produto vencer, eles buscam aquelas redes que fazem um trabalho melhor para dar um destino para esse produto, para que o varejista passe o desconto para o consumidor
Alguns supermercados também realizam esse controle de estoque e vendem os produtos próximos ao vencimento em gôndolas específicas ou repassam para outros mercados menores especializados.
Alternativa aos preços altos
A promotora Giuliete Gimenes, de 32 anos, faz compras semanalmente no Supermercado Opção, no Álvaro Weyne, que trabalha com produtos fifo. Ela conta que sempre compra os produtos próximos ao vencimento.
“Porque um preço que é, vamos supor, R$ 10, aqui fica R$ 4. Aí economiza muito, né? O mercado semanal faço aqui, porque daí eu já aproveito e compro arroz, feijão, daí já diminui, já sai mais barata a compra. Caso eu comprasse em outro lugar mais caro, aí ia dar o dobro do preço”, percebe.
Por ter quatro crianças em casa, ela enche o carrinho com produtos como presunto, queijo, batata frita e lasanha. Segundo ela, as opções somem da geladeira antes de chegarem ao vencimento.
Busca por preços baixos
O aposentado Francisco Everton, de 40 anos, aproveitou o iogurte na promoção no Mercadinho Daniel, na Granja Portugal. A busca é sempre pelos preços mais baixos, mesmo que o vencimento esteja próximo.
Depois que veio essa crise aí, as coisas mais caras, os preços mais altos. A gente tem que procurar uma coisa meio mais baratinha mesmo".
Consumidora do mercadinho Estação dos Frios, no bairro Moura Brasil, a professora Socorro Dias, de 60 anos, defende que, mesmo próximos ao vencimento, os produtos têm qualidade e são uma opção para economizar.
“Iogurte eu compro bastante porque eu tenho sobrinhos em casa, né? A bandeja do iogurte por exemplo, no supermercado você compra até de R$ 10, aqui eu compro de R$ 5. Eu compro todo dia, eu compro muito, então eu considero uma economia muito bacana pro meu bolso”, afirma.