O agravamento dos índices epidemiológicos, combinado com retração econômica devido às consequentes medidas restritivas e ao conturbado cenário político brasileiro, tem agitado o mercado de ações e feito os ativos de empresas cearenses com capital aberto amargar perdas.
Conforme o Índice de Ações Cearenses (IAC), criado e monitorado pelo Núcleo de Pesquisas Econômicas (Nupe) da Universidade de Fortaleza (Unifor), o desempenho das ações em questão despencou 9,96% nos três primeiros meses do ano, resultado pior que o do Ibovespa (-2%).
Somente em março, o retorno das ações foi negativo em 8,92%, resultado do recuo nos ativos de cinco das nove empresas que compõe o IAC. Os dados foram apresentados na edição de março do boletim econômico do Nupe.
O coordenador do curso de Economia da Unifor e colunista do Diário do Nordeste, Allisson Martins, explica que empresas como a Arco a Hapvida possuem pesos consideráveis no índice e tiveram baixas de 26,57% e de 4%, respectivamente, puxando o resultado geral para baixo. No mês, também ficaram no vermelho Aerir (-13,25%) e Pague Menos (-8,78%).
"A Arco, por ter capital aberto fora, na Nasdaq, sofre variações no preço dos ativos com a oscilação do câmbio. Como o dólar deu uma arrefecida, o valor das ações caíram. Já a baixa do Hapvida é uma correção da forte alta que foi registrada com o anúncio de fusão com a Notredame Intermédica".
Cenário agitado
Martins pontua que a combinação dos contextos econômico, político e epidemiológico em março resultaram em um cenário no mínimo agitado, interferindo diretamente no mercado de ações.
"Na esfera epidemiológica, tivemos uma forte acessão do número de casos, o que assusta muito o mercado. Na economia, tivemos o retorno de medidas restritivas. E na política, a anulação dos julgamentos do ex-presidente Lula gerou embates generalizados", detalha.
No acumulado do ano, somente a Pague Menos alcançou variação positiva, de 0,22%. As maiores baixas foram registradas pela Coelce (-29,42%), Arce (-21,83%) e Aeris (-11,6%).
Mesmo com as retrações, Martins acredita na retomada do desempenho das ações nos próximos meses, voltando a garantir retornos acima do Ibovespa.
"Em particular, as empresas cearenses têm sofrido. Ainda assim, nos últimos 12 meses temos bons resultados. São todas empresas bem geridas, com bons mercados, a gente tem uma expectativa muito boa para todas as ações que compõe o índice", ressalta.