Cesta básica fica mais barata em Fortaleza, mas preço do leite dispara 28,5%

Entressafra e elevação do custo da produção vêm pressionando os preços do produto, que acumula alta de 55,9% em 12 meses

A cesta básica de Fortaleza ficou 2,37% mais barata em julho deste ano, mas o alívio para o bolso do consumidor poderia ter sido maior se não fosse a disparada do preço do leite. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o produto subiu 28,5% no mês passado.

Com isso, seis litros de leite - quantidade estabelecida pelo Dieese para o mês - passou de R$ 35,16 em junho para R$ 45,18 no mês passado. Em junho, o produto já havia apresentado uma elevação de 10,15%.

O Diário do Nordeste vem acompanhando a variação nos preços do leite em pesquisas e nos próprios supermercados e atacarejos. Especialistas avaliam que a elevação está ligada a fatores como a entressafra e ao custo da produção, que subiu em função da guerra da Ucrânia.

"A extensão do período de entressafra, devido ao clima seco e à ausência de chuvas, somada ao aumento do custo de produção (medicamentos e alimentação) e à maior demanda por parte das indústrias de laticínios foram os fatores que seguiram elevando o preço nos derivados de leite no varejo", diz o relatório do Dieese.

A cesta básica de Fortaleza foi calculada em R$ 641 em julho deste ano, abaixo do valor de R$ 657 registrado no mês de junho. A queda foi influenciada pela redução nos preços de cinco dos 12 produtos que compõem o conjunto da alimentação básica.

Tomate

A maior retração percentual foi observada no tomate, que caiu 24,9%. Também apresentaram reduções os preços do óleo (-3,74%); café (-2,27%); carne (-0,68%) e o açúcar (-0,45%).

Veja a lista:

  • Carne: -0,68%
  • Leite: 28,5%
  • Feijão: 0,51%
  • Arroz: 0,72%
  • Farinha: 0,00%
  • Tomate: -24,97%
  • Pão: 1,17%
  • Café: -2,27%
  • Banana: 1,46%
  • Açúcar: -0,45%
  • Óleo: -3,74%
  • Manteiga: 3,19%

Considerando o salário mínimo de R$ 1.212 e a jornada mensal de 220 horas, o Dieese calculou que o fortalezense trabalhou 116h26min só para garantir a alimentação básica. Do salário líquido (com desconto da Previdência Social), 57,22% foi usado para comprar alimentos básicos para uma pessoa adulta.

A instituição também calculou o gasto com alimentação para uma família padrão, com dois adultos e duas crianças: R$ 1.924,38.

Leite lidera altas no semestre e no ano

No semestre, apenas o tomate apresenta redução acumulada de preço (27,21%). As maiores elevações foram observadas no leite, que já sobe 47,65%; feijão (29,46%) e o óleo (18,54%). No período, a cesta básica de Fortaleza acumula alta de 5,62%.

Na série de 12 meses, dos produtos que compõem a cesta básica, o único item a apresentar redução no preço foi o arroz (-4,08%). Os itens que apresentaram as maiores elevações nos seus preços foram: o leite (55,90%), o café (54,72%) e o óleo (30,27%).