O varejo cearense e brasileiro está conectado às tendências que vêm surgindo no mundo e está preparado para competir no mercado mundial. A perspectiva foi apresentada pelo consultor, conselheiro e autor Alberto Serrentino durante a 17ª edição do Cenários do Varejo, realizado nessa quinta-feira (9), em Fortaleza.
Ele comentou sobre os desafios que deverão marcar a evolução do setor nos próximos meses, que terá uma forte influência dos avanços tecnológicos baseados em dados e no comportamento do cliente, além da atualização do papel das lojas físicas.
Ainda assim, Serrentino comentou que o varejo no Brasil e no Ceará atinge um bom nível de maturidade e competitividade para disputar espaço na preferência do consumidor.
"A gente fala da maturidade do varejo brasileiro, que é muito maduro, competitivo e complexo. Ainda temos um alto grau de regionalização e um nível de competitividade muito grande. No Ceará temos a presença das grandes redes de varejo, várias regionais que cresceram muito, além de marcas locais relevantes, então é um varejo conectado com o que está acontecendo no mundo. E o Brasil não tem mais defasagem de acesso à tecnologia de outros mercados ocidentais", disse.
"Existe o mercado asiático, que está a frente dos outros, com a China, mas o Brasil tem acesso a quase todas as empresas relevantes de tecnologia no ocidente, das grandes às menores, com um ecossistema de startups no país, então eu diria que varejo nacional está em linha com que está acontecendo no mundo", completou.
Impacto das novas tecnologias
Serrentino também falou sobre a necessidade das empresas investirem mais assertividade nas decisões a partir do colhimento de dados para compreender melhor os clientes e jornada de compra.
Com a economia ainda apresentando desafios após o desequilíbrio das cadeias produtivas, investir bem e de maneira precisa poderá ser crucial para as empresas, segundo o consultor.
E os dados serão chave nesse processo.
"Dados e uso inteligente das tecnologias serão determinantes para a competitividade do varejo e cada vez mais relevantes. Temos que conseguir evoluir a cultura e os modelos de gestão, mudando a cultura organizacional das empresas para termos empresas orientadas aos clientes e guiadas por dados. Isso significa que temos de ter culturas e modelos de gestão para ter negócios de varejo voltados para ter os clientes no centro, com dados da rotina dos clientes pautando as decisões", disse.
"Ele pode ser mais assertivo se tiver orientado por dados e voltados aos clientes. O varejo sempre foi de baixa intensidade tecnológica e alta intensidade operacional, muito dependente de gente, mas isso mudou. Com a agenda de transformação digital aparecendo durante a pandemia, que transformou o setor para ter a tecnologia como fator-chave", completou.
Mudanças em pequenas empresas
O autor também destacou o potencial das pequenas empresas de fazerem essa transformação digital, comparando os processos longos e mais complexo dos grandes negócios. Com modelos mais novos e menos etapas, os pequenos poderão aplicar essas mudanças com uma velocidade mais notável.
"Os pequenos negócios têm uma enorme oportunidade porque com a digitalização e onda de aceleração digital, há um enorme desafio nas grandes organizações que sãos os legados. Elas são mais lentas, com sistemas complexos e fazer essa migração não é simples, e os pequenos negócios não. Eles conseguem rapidamente avançar na tecnologia, conseguem mudar para nuvem e fazer testes, consolidando dados", afirmou.
Capacitação do varejo
Sobre o Cenários do Varejo, o presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Fortaleza, Assis Cavalcante, ressaltou que o papel da entidade é, de fato, promover um conteúdo de transformação e auxiliar as empresas nessa atualização de agenda para evolução da atividade no setor.
"O papel da CDL é esse mesmo, fazer a capacitação do pessoal do varejo, não só do lojista, mas do pessoal de frente de loja e trazer as tecnologias, até porque o mundo, hoje, é de quem tem informação, e nós temos esse papel. O varejo mudou, o consumidor mudou, a jornada de compra mudou, e nós trouxemos grandes palestrantes para passar esse conhecimento. E as pessoas estão ávidas pelo conhecimento", disse.
Assis ainda aproveitou para elogiar a maturidade do setor no Brasil, que está pronto para competir no mercado global.
"Não muito. O varejo brasileiro realmente está bem desenvolvido e preparado para as dificuldades e vencer os desafios. Falta pouca coisa, mas essas poucas coisas nós estamos trazendo para complementar e possamos ter mais varejo e gerar mais emprego e renda", afirmou.