O Brasil deve ser rápido para aproveitar o potencial de recursos naturais na produção de hidrogênio verde. A avaliação é de Luis Viga, presidente do Conselho da Associação Brasileira da Indústria de Hidrogênio Verde (ABIHV) e presidente da australiana Fortescue no País.
O executivo ressaltou, em entrevista ao Diário do Nordeste, que países como os Estados Unidos e a Arábia Saudita estão movendo esforços para encaminhar a transição energética. Para o Brasil não perder a liderança natural na disputa, deve encaminhar rapidamente a regulamentação do Hidrogênio Verde.
O Brasil tem uma vantagem comparativa temporária. O mundo acordou [para a ideia de] que energia renovável é favorável, que a transição energética é o futuro. Seja por emergência climática, seja por economia. Então, lugares como a Arábia Saudita, que ainda não têm a matriz renovável que a gente tem, podem tomar essa liderança. O Brasil tem que ser muito rápido"
Luis Viga esteve, na tarde desta sexta-feira (6), no Seminário da Comissão Especial da Transição Energética e Produção de Hidrogênio Verde da Câmara dos Deputados, realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), em Fortaleza.
O governador Elmano de Freitas, os deputados federais Arnaldo Jardim (Cidadania -SP) e Leônidas Cristino (PDT-CE), ambos da Subcomissão Especial Hidrogênio Verde e Concessões de Distribuição da Câmara dos Deputados, também participaram do evento, além de outros políticos.
Representando a ABIHV, Viga reiterou o prazo citado por Elmano de Freitas para a regulamentação da produção do hidrogênio verde: dezembro de 2023. “A importância de você ter uma regulamentação é você já conseguir tirar ano que vem, 2024/2025, esses projetos que o Porto do Pecém assinou no papel. Começar a construção, gerar empregos, atividade econômica, gerar riqueza para a economia, não só do Ceará, como do Nordeste e do Brasil”, explica.
O empresário destacou a necessidade de aproveitar as intenções de investimento no País, com potencial de crescimento exponencial nos próximos 20 anos, em cifras em torno de R$ 1 trilhão. Na visão do empresário, os projetos de investimento, quase todos privados, impactariam em desenvolvimento econômico e geração de empregos.
“O mundo quer botar dinheiro aqui. Tem mais de 40 MoUs (Memorandos de Entendimento) no Brasil. Tem mais de 30 MoUs (Memorandos de Entendimento) só no Pecém. É o mundo conspirando para fazer projeto de hidrogênio verde e neoindustrialização verde no Brasil”, aponta.
A Fortescue é uma das empresas com planos de instalar uma planta de hidrogênio verde no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp). A empresa realiza estudos de engenharia e viabilidade e deve divulgar decisões sobre investimentos em um curto período de tempo, segundo Viga.
Primeiro relatório para regulamentação do hidrogênio verde
Um projeto de lei para regulamentar a produção, os usos e aplicações do Hidrogênio Verde no País está em análise no Congresso Nacional. O deputado federal Arnaldo Jardim, que preside a comissão especial da Câmara sobre o assunto, revelou que o primeiro relatório será apresentado na próxima terça-feira (10).
O texto deve trazer a definição do hidrogênio de baixo carbono e das subclassificações a ele aplicadas: hidrogênio verde e hidrogênio renovável. Também apresentará regras de governança, obrigatoriedades impostas aos futuros empreendimentos e informações sobre os incentivos fiscais.
Com a apresentação do relatório nos próximos dias, a expectativa do Governo do Ceará é que a regulamentação seja aprovada até o fim do ano para evitar a fuga de investimentos previstos.
Segundo o Secretário Executivo da Indústria da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Estado do Ceará, Joaquim Rolim, há projetos de diversos portes com necessidade do aval da regulamentação. “Os principais projetos de grande porte requerem essa regulamentação, com o plano nacional do hidrogênio, com foco no hidrogênio verde”, explica.
Ele estima que, se o projeto tiver andamento como previsto, o Ceará deve produzir hidrogênio verde em larga escala até 2026. Rolim ressalta que a visão do Governo é de contribuição para geração de energia limpa, com incentivos semelhantes aos recursos produzidos por outros estados e internamente.