O governador do Ceará, Camilo Santana, confirmou ontem (7) que o Estado não deverá ter alterações com a publicação do novo decreto de isolamento social, que passará a valer na próxima segunda-feira (10). Fortaleza e os municípios da Região Metropolitana seguem na fase 4 do Plano de Retomada Responsável. No entanto, escolas e bares seguem impossibilitados de operar de forma presencial. Representantes dos dois segmentos lamentam a decisão e contam prejuízos.
Para o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Estado do Ceará (Abrasel-CE), Rodolphe Trindade, a decisão de continuar proibindo os bares de funcionarem é absurda. “O que foi combinado, não foi respeitado. As condições para que a gente voltasse a funcionar eram redução de 50% de mortes por Covid-19, já estamos com mais de 90%, 50% a menos de pessoas doentes e 80% dos leitos de UTIs ocupados. E estamos muito menos que isso. Não foi respeitado o combinado”, declara.
Segundo ele, o Ceará já perdeu cerca de 30 mil postos de trabalho apenas nos setores de bares e restaurantes com a pandemia. “A gente estima que 30 mil pessoas no Estado foram desligadas no setor. Eram 120 mil pessoas empregadas antes da pandemia e hoje a gente está com 90 mil pessoas empregadas”.
Trindade também diz que não houve mais conversas com o Governo do Estado. “Tivemos ótimas discussões, mas quando chega a hora de pôr em prática, não acontece. Então mais uma vez, sem nenhuma razão, os bares não foram incluídos neste decreto. A Abrasel questiona que sem eventos, não pode ter campanha política. Esse é o nosso mote agora”.
O empresário ainda afirma que muitos bares estão mudando a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (Cnae) para virarem restaurante. “Tem muita gente burlando, e mudando a Cnae para transformar o bar em restaurante. Então é isso, a gente fica desesperado e muito descontente. Quem já voltou, está com 30% a 40% do movimento de antes da pandemia. Os restaurantes não estão lotados, e a capacidade está reduzida em 50%”, acrescenta ele em relação aos restaurantes que já puderam reabrir na Capital, desde julho.
Escolas
Para a presidente do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Ceará (Sinepe Ceará), Andréa Nogueira, o Governo do Estado não está priorizando a educação. “Diante da fala do governador, a educação não está sendo tomada como prioridade.. No boletim da Secretaria da Saúde, a cidade de Fortaleza está na fase de transmissão residual. Diante disso, eu entendo que não há respaldo técnico na fala dos representantes”, critica.
Segundo ela, muitos estabelecimentos já fecharam as portas e centenas de funcionários foram desligados. “Nós estamos em um cenário de fechamento de mais escolas, creches, escolas básicas, cursos de idiomas, faculdades no interior. Muitas já desapareceram. A educação infantil é um dos setores que têm mais sofrido. Cerca de 30% dos profissionais já foram demitidos”.
Uma das preocupações do setor é falta de uma data para a reabertura das escolas. Ontem, um protesto realizado por representantes de três associações de escolas particulares do Ceará reivindicou o retorno das aulas presenciais em Fortaleza.
Com cadeiras escolares enfileiradas na praça, os participantes assistiram a uma aula sobre o direito de escolha das famílias para decidirem se querem que as aulas sejam presenciais ou remotas.
Previsão
As aulas presenciais nas instituições públicas e privadas, assim como a operação dos bares, estão previstas para retornar no mês de setembro, mas apenas se os indicadores epidemiológicos da Covid-19 permanecerem favoráveis, conforme indicou o governador Camilo Santana e o secretário executivo de Orçamento e Planejamento, Flávio Ataliba, nesta semana.
Em comunicado, o governador ressaltou que as equipes seguem fazendo avaliações e mantendo contato com setores ainda não autorizados ao funcionamento, como eventos, bares e cinemas, analisando caso a caso, para que as decisões sejam tomadas de forma segura e responsável. “E para que não haja piora do cenário, que vem apresentando avanços semana a semana. Nossa prioridade absoluta será sempre proteger vidas. É fundamental que todos colaborem, sempre usando máscara e evitando aglomerações”, destacou Camilo.