A balança comercial do Ceará finalizou o mês de março com um déficit de US$ 108,3 milhões, de acordo com dados da plataforma ComexStat, do Ministério da Economia. O déficit cresceu quase 37% com relação a fevereiro, quando foi de US$ 79,1 milhões. Já no acumulado de 2021, a diferença negativa é de US$ 318,7 milhões.
Só em março, a compra de mercadorias internacionais no estado chegou ao valor de US$ 304,7 milhões, avanço de 43,8% com relação ao mês anterior. Ana Karina Frota, gerente do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), explica que isso se dá, principalmente, pela falta de diversas matérias-primas no mercado nacional.
“Tanto se dá por conta das compras internacionais que estamos realizando dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) no enfrentamento da Covid, quanto pela indústria cearense precisar buscar fornecedores de matérias-primas no mercado internacional para que a produção não parasse”.
Entre as principais importações estão a hulha betuminosa (US$ 109,7 milhões); máquinas, aparelhos e materiais elétricos e suas partes (US$ 41,7 milhões), reatores nucleares, caldeiras e instrumentos mecânicos (US$ 29,9 milhões); cereais (US$ 28,5 milhões); e ferro fundido, ferro e aço (US$ 16,7 milhões).
Ana Karina destaca que esta não é uma situação típica do Ceará, que estava em uma curva ascendente da balança. "Fomos surpreendidos pela crise sanitária e a repercussão nas transações comerciais foram afetadas. Esse déficit é reflexo de uma desaceleração do comércio internacional, mas sabemos que essa crise tem um fim e que as empresas estarão preparadas para esse momento”, afirma.
Aumento das exportações
Por outro lado, as exportações também avançaram. As mercadorias vendidas ao comércio internacional chegou a US$ 196,4 milhões em abril, um incremento de cerca de 48% ante fevereiro e uma redução de 7,2% quando comparado com igual mês de 2020.
“Considerando que em março do ano passado, ainda não tínhamos o reflexo da pandemia, essa oscilação também acontece, pois depende de produtos que não tem aquela exportação constante, que só são vendidos em época de safra, por exemplo”, analisa Ana Karina.
No período de fevereiro a março, houve uma queda de exportações de frutas, cascas de frutos cítricos e de melões (retração de US$ 5,7 milhões), ao passo que a venda externa do setor da siderurgia (aço, ferro), principal segmento exportador do Ceará, apresentou uma variação positiva (aumento de US$ 78,2 milhões).
“Esse aumento com relação ao mês anterior pode demonstrar o início de uma recuperação, no entanto, ainda é muito cedo para confirmar”, ressalta.
Saldo acumulado em 2021
Considerando o saldo do primeiro trimestre de 2021, o déficit da balança foi de US$ 318,7 milhões, sendo US$ 435,1 milhões o valor das exportações e US$ 753,8 milhões de importações. Neste mesmo período de 2020, a diferença negativa foi de US$ 115,1 milhões.
No acumulado de 2021, portanto, o valor das importações permitiu um crescimento de 12,7% nas vendas externas se comparado com os três primeiros meses do ano anterior. Enquanto o de exportações, apresentou uma queda de 21,4% no mesmo período.