A arquitetura de Fortaleza está mudando aos poucos, com prédios cada vez mais altos. A Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente de Fortaleza (Seuma) já autorizou a construção de 45 empreendimentos que ultrapassam os limites de altura estabelecidos, os chamados “superprédios”.
Localizados em regiões nobres da cidade, sobretudo em bairros como Meireles, Mucuripe e Cocó, os apartamentos incluem diferenciais como amplas metragens, áreas de lazer e várias vagas de garagem, além do maior trunfo: a vista.
Contudo, o preço para ter acesso a esse luxo é alto. Os apartamentos dos “‘superprédios” de Fortaleza custam entre R$ 2,5 milhões e R$ 20,1 milhões, variando de acordo com o tamanho, localização e com a altura do imóvel.
O Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Ceará (Sinduscon-CE), já contabiliza 14 empreendimentos com altura entre 120 metros e 170 metros. A maioria deles ainda está em fases iniciais de projeto e construção, sendo que alguns sequer foram lançados com um nome comercial.
A expansão desse tipo de empreendimento depende de regulamentações ambientais e de terrenos nas áreas nobres, que estão cada vez mais escassos.
Como surgiram os ‘superprédios’?
A existência de prédios mais altos em Fortaleza foi possibilitada pela Outorga Onerosa de Alteração de Uso do Solo, sancionada inicialmente em 2015 e regulamentada pela Lei nº 0333, de 14 de setembro de 2022 e Lei nº 0343 de 22 de dezembro de 2022.
A lei possibilita que empreendimentos imobiliários ultrapassem a altura máxima permitida anteriormente pela Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente de Fortaleza (Seuma), desde que haja uma contrapartida financeira para a Prefeitura. Os recursos arrecadados são direcionados para o Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano (Fundurb) e são investidos em melhorias sociais e urbanas.
O presidente do Sinduscon, Patriolino Dias, conta que antes era permitida a construção de prédios de até 25 andares, mas, com a lei, hoje são possibilitados empreendimentos de até 170 metros, o equivalente a 51 andares.
A Prefeitura já autorizou 45 construções por meio da outorga onerosa, sendo que a maioria delas ainda está em fase inicial. O projeto mais avançado é o One, que será lançado no final deste ano, e alguns empreendimentos já possuem 100% das unidades vendidas, como é o caso do Epic.
A lei estabelece um cálculo da contrapartida que deve ser paga a depender do quanto o projeto pretende ultrapassar o limite antes estabelecido. Patriolino explica que esse custo elevado inviabiliza a expansão de empreendimentos super altos em regiões mais periféricas.
“Não é tendência porque tudo tem que caber no custo. Quando se faz um prédio mais alto a estrutura fica mais cara, toda essa viabilidade tem que valer a pena. Tem alguns locais que se viabilizam, geralmente em terrenos mais valorizados e mais escassos da cidade”, aponta.
O custo também se reflete no preço cobrado pelos apartamentos, voltados para as classes A+.