Após resultados abaixo do esperado, Aeris tem perspectivas positivas para 2023

A empresa cearense apresentou dados abaixo do esperado pelo mercado na última apresentação de resultados, tendo tido queda na Bolsa

Em trajetória de queda desde o IPO, as ações da Aeris na Bolsa de Valores tiveram novo decréscimo após a apresentação de resultados do 4º trimestre de 2022, realizada na última sexta-feira (10).  

Mesmo tendo tipo um aumento na EBITDA – índice que mede os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização –, os resultados apresentados pela empresa cearense de energia eólica foram abaixo do esperado pelo mercado. 

A empresa e o setor como um todo tem vivido gargalos de produtividade desde a pandemia, devido a uma maior dificuldade para atração de investimentos, algo importante para a tração dos negócios na área de energias renováveis. 

Apesar dos resultados, a empresa tem perspectivas positivas para 2023, com expectativa de uma receita líquida de R$ 8,9 bilhões neste ano. A companhia pretende seguir focando no atendimento do plano de produção e entrega para os clientes. 

Resultados fracos 

A companhia teve resultados abaixo do esperado pelo mercado em 2023, tendo apresentado prejuízo de R$ 39 milhões no ano de 2022. Na coletiva de apresentação de resultados, o diretor-presidente da Aeris, Alexandre Negrão, explicou o cenário.  

As previsões foram erradas, nós quando começamos a produzir essas pás maiores, a gente assumiu vários riscos no projeto e a gente tem visto que essas pás maiores têm um nível de dificuldade muito maior de operação" 
Alexandre Negrão
Diretor-presidente da Aeris

Consequência disso foi uma queda de 9% no volume de produção em 2022, piores números de capital de giro, com dias de estoque de 212 +30 dias T/T (mitigado por aumentos nos adiantamentos de clientes), e maiores despesas financeiras, de acordo com análise da XP Investimentos.  

Pontos positivos 

A empresa cearense registrou R$ 267 milhões de EBITDA em 2022, um crescimento de 7,9% em relação a 2021. O aumento é ainda maior comparando o quarto trimestre de 2022 (4T22), ao terceiro trimestre, tendo o indicador atingido R$ 80,8 milhões, um aumento de 24,7%. 

Também houve aumento na margem EBITDA, que foi de 10,8% no período, um incremento de 0,9% sobre o ano anterior. 

Na análise da XP Investimentos, a empresa também se destacou pela capacidade contínua de repassar a volatilidade dos custos de matéria-prima, com aumento da receita unitária (preços em USD +14% T/T).  

Para a casa de investimentos, isso se deu em parte devido aos ajustes retroativos no 4T22, embora os altos custos com pessoal sejam uma preocupação (+25% T/T e +85% A/A). 

Em 2022, a receita líquida operacional da empresa foi de R$ 2,4 bilhões, atingindo R$654,8 milhões no quarto trimestre, um crescimento de 4,7% em comparação ao trimestre anterior.  

Já os investimentos totais atingiram R$ 87,1 milhões e o retorno sobre o capital investido (ROIC) foi de 11,3% no ano passado.   

Em uma perspectiva futura, as potenciais ordens cobertas por contratos de longo prazo totalizam 2.126 sets de pás com potência equivalente a 10,5 GW. Usando como parâmetro a taxa de câmbio de encerramento do 3T22, a receita líquida potencial dos contratos de longo prazo da Companhia totaliza R$ 8,9 bilhões.