Rio. Apesar da evolução nas últimas décadas, o Brasil ainda apresenta um quadro de desigualdade extrema. Em 2016, 1% da população de trabalhadores brasileiros com maior poder aquisitivo ganhava 36,3 vezes mais do que os 50% que ganham os menores salários. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), que foi divulgada ontem (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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Na fatia dos 1% mais abonados, formada por apenas 889 mil pessoas, a renda média mensal era de R$ 27.085. O rendimento médio dos 50% que recebiam os piores salários ficou em apenas R$ 747, abaixo do salário mínimo. Se considerados os 5% brasileiros com menores salários, a renda média era de míseros R$ 73 mensais. Segundo o IBGE, 4,445 milhões de trabalhadores estão nessa condição. "O Brasil é um dos países onde a desigualdade é das maiores do mundo, é uma das grandes mazelas. País nenhum vai crescer com base numa plataforma tão desigual", disse Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Quando considerados os dados de renda per capita de todas as fontes, e não apenas o rendimento do trabalho - nesse cálculo, a renda disponível é dividida por todos os moradores do domicílio, incluindo os que não trabalham -, a situação é ainda mais grave. A renda média mensal per capita dos 5% brasileiros com menor poder aquisitivo era de R$ 47,00 em 2016. A pobreza era ainda mais aguda no Norte e Nordeste, com R$ 38,00 e R$ 33,00, respectivamente.
O rendimento médio real domiciliar per capita foi de R$ 1.242, contra uma renda média de R$ 2.149 se considerados apenas os trabalhadores. As regiões Norte e Nordeste tiveram o menor valor: R$ 772 em ambas. O Sudeste teve o maior: R$ 1.537.