Inglaterra, Rússia e China fazem parte do grupo de cerca de 50 países que já iniciaram a imunização contra a Covid-19. No Brasil, o sistema de saúde aguarda resultados de ensaios clínicos e aprovações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar a aplicação, prevista ainda para o primeiro trimestre deste ano.
O período ainda é de incertezas. E o Sistema Verdes Mares reuniu algumas das principais dúvidas que ainda permeiam o assunto, a fim de saná-las enquanto o período de imunização não se inicia no Brasil. Confira:
Quantas vacinas estão em desenvolvimento?
De acordo com o panorama da Organização Mundial da Saúde (OMS), atualizado em 17 de dezembro de 2020, há 232 vacinas em desenvolvimento em todo o mundo. Desse total, 172 candidatas estão em fase pré-clínica de pesquisa e 60 em fase clínica.
Quais vacinas estão em estágio mais avançado?
A Anvisa ainda não autorizou o uso de nenhum imunizante no Brasil. Em todo o mundo, a maior parte dos países aderiu à da Pfizer, que foi aprovada por autoridades sanitárias do Reino Unido e dos Estados Unidos. A agência regulatória americana também já autorizou o uso da Moderna. Na Rússia e na Argentina, a aplicação desde dezembro é da Sputnik V.
Quais são as vacinas mais baratas e as mais caras?
Os preços de todas as vacinas em território brasileiro ainda não estão completamente definidos. A vacina da AstraZeneca/Oxford tem o menor custo, a US$ 3,16 (cerca de R$ 16,75), por dose. Já a Coronavac está sendo negociada a US$ 10,30, ou R$ 55. No mercado internacional, os exemplares da Pfizer, aplicados na Inglaterra, custam em média US$20. A da americana Moderna varia de US$18 a US$37.
As vacinas possuem alguma desvantagem?
Os imunizantes Coronavac, Janssen e Covaxin ainda não apresentaram os resultados da fase 3 de testes, portanto ainda não tiveram a eficácia divulgada. Embora comprovadas, a da Moderna e a da Pfizer apresentam desafios logísticos para distribuição e aplicação por exigirem temperaturas muito baixas. A primeira, de 20 ºC negativos; a segunda, de 70 ºC negativos.
Quais vacinas estão previstas para o Ceará?
O Governo do Ceará fechou um acordo com a Fundação Butantan para o fornecimento de duas milhões de doses da Coronavac, com as primeiras remessas chegando a partir de janeiro de 2021. Segundo o acordo, há possibilidade de entrega de 1,22 milhão de doses até fevereiro, com maior volume a partir de maio.
Porém, ainda em dezembro, o governador Camilo Santana informou que o primeiro lote da vacina enviada ao Ceará deve ser da AstraZeneca. “A previsão é que no primeiro semestre o Ceará receba 1,7 milhão da AstraZeneca, depois de validada pela Anvisa, pelos órgãos competentes, que garantam a segurança da vacina”, afirmou.
A maioria dos laboratórios anunciou duas doses da vacina. Essa necessidade de reforço num espaço curto de tempo é normal?
O biomédico e virologista Mário Oliveira explica que esse modelo não é tão comum, mas o indicado pelos laboratórios desenvolvedores após uma série de estudos e testes com diferentes doses.
O que pode ocorrer se a pessoa tomar uma dose de uma vacina e a segunda de outra?
Segundo Mário Oliveira, as vacinas são fabricadas de maneiras diferentes: de DNA, relacionadas a RNA, vírus inativados ou vírus atenuado, por exemplo. Contudo, a interação pode desfavorecer a proteção. “Se eu tomar uma vacina de vírus atenuado e outra de DNA, não vai ocorrer imunidade. Você tem que tomar a mesma vacina no período exigido pela empresa para que ela funcione bem”, afirma.
O que pode ocorrer se você não tomar a segunda dose?
A imunidade completa é comprometida. “Você pode garantir proteção por um certo e curto período de tempo. Depois, temos que estimular de novo o sistema imune para que ele dê continuidade ao trabalho de debelar uma possível infecção. Se for só uma dose, vai conferir imunidade menor”, esclarece Mário Oliveira.