Unidades básicas de saúde de Fortaleza têm registrado aumento do fluxo de pacientes em busca de atestado médico para vacinação contra Covid-19. O documento é obrigatório para comprovar condição de diabéticos, hipertensos e pessoas com outras comorbidades. Nesta sexta-feira (7), 9.038 pessoas desse grupo devem receber a 1ª dose.
A dona de casa Maria Gizelda da Silva, 58, foi uma entre as dezenas de pacientes que buscaram o Posto de Saúde Irmã Hercília, no bairro São João do Tauape, de última hora, na manhã desta sexta-feira (7). Pré-diabética, ela está na lista para ser vacinada hoje.
“Tenho que estar lá na vacinação hoje à tarde, por isso vim correndo logo pegar o atestado. Eu não sabia que ia precisar, por isso só vim agora. Mas ainda bem que deu certo, tô morta de feliz que vou me vacinar”, comenta.
Gizelda foi atendida “pela doutora de sempre”, com quem já faz o acompanhamento e o tratamento da condição de saúde a cada seis meses. A proximidade e o conhecimento que a profissional tem sobre o quadro dela, como avalia a dona de casa, “facilitaram tudo”.
O fiscal Marcelo Assunção, 57, diabético; e a esposa de 56 anos, hipertensa; programaram a ida ao “postinho” para a manhã de hoje (7), para antecipar a obtenção do atestado. Ontem à noite, porém, foram surpreendidos com o e-mail de agendamento da imunização dela.
“Vimos o e-mail 7h, marcando a vacina dela pra 14h no Centro de Eventos. Corremos aqui pro posto, mas a médica dela só chega 13h. Vai ser corrido, mas disseram que não tem problema se atrasar um pouco”, relata Marcelo, morador do bairro Joaquim Távora.
Documentação deve ser impressa
Pacientes com comorbidades, grávidas e mulheres que tiveram bebê há até 45 dias começaram a ser vacinados na Capital quarta-feira (5), e devem apresentar documentação impressa para imunização.
Hipertensos e diabéticos, por exemplo, têm de levar atestado médico. Já grávidas e puérperas devem apresentar, respectivamente, cartão do pré-natal e certidão de nascimento do bebê, como explica a secretária de Saúde de Fortaleza, Ana Estela Leite.
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Quem não se vacinou no início porque não estava com o documento, ainda estamos aceitando que retorne com ele. Mas agora as pessoas já estão avisadas. A partir deste final de semana, quem perder só se vacina nos dias de repescagem.
Sobre a busca pelos postos de saúde – que, como observa Ana Estela, “aumentou muito” –, a secretária garante que os gestores das unidades têm sido orientados no sentido de agilizar o atendimento e não sobrecarregar os equipamentos.
“Os pacientes que já têm acompanhamento estão no sistema eletrônico, em que constam a classificação de risco e a comorbidade. O próprio gestor pode imprimir, entregar ao usuário e ele utilizar esse documento como comprovação para vacinação”, explica.
Quem tem alguma comorbidade mas não faz acompanhamento periódico de saúde, seja na rede pública ou na particular, deve agendar uma consulta para ser avaliado. “Estamos ampliando a quantidade de médicos nos postos para dar conta”, aponta Ana Estela.
‘Quanto mais informatizado, melhor’
Na análise de Edson Teixeira, imunologista, especialista em gestão de serviços e sistemas de saúde e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), a pluralidade da Fase 3 de imunização tornou-se “um problema” para as secretarias.
“A vacinação prioritária dessas pessoas é muito importante, mas é um grupo muito heterogêneo. Para a gestão, cria-se um problema na organização, visto que há uma quantidade muito grande de pessoas desejando serem vacinadas. É preciso que haja critério, devido à escassez de doses”, salienta.
Para o especialista, integrar informações por meio do Cartão do SUS, por exemplo, que já é exigido para cadastro no Saúde Digital, seria uma estratégia possível para evitar a ida dessas pessoas a unidades buscando atestados – já que a intenção é protegê-las do vírus.
“Seria interessante que as pessoas pudessem, de alguma forma, oferecer ao sistema de vacinação as comprovações necessárias, para evitar essa ida às unidades. Quanto mais informatizado for esse processo, menor a probabilidade de propagação viral”, pontua.