Pontualmente às 21 horas, a apresentadora global Ana Furtado deu as boas-vindas aos convidados, entre profissionais da mídia, da imprensa e do setor de turismo e de eventos, além de empresários e representantes de órgãos públicos, não apenas do Ceará, mas de todo o País.
O cantor foi trazido pelo governo do Estado para a inauguração do Centro de Eventos Foto: Waleska SantiagoEm absoluto silêncio, a plateia assistiu à entrada do cantor lírico, músico e maestro espanhol Plácido Domingo, trazido pelo governo do Estado para show no Centro de Eventos do Ceará, que ficou lotado. Entre os convidados, estavam a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e o ministro do Turismo, Gastão Vieira.
Acompanhou o artista a Orquestra Eleazar de Carvalho, com cerca de 66 instrumentistas, entre eles, seu atual regente, Arthur Barbosa, no primeiro violino. A regência ficou a cargo do maestro convidado Eugene Kohn, que atua desde a década de 1970 e já acompanhou algumas das mais importantes vozes mundiais da ópera - inclusive, o próprio Plácido, com quem trabalha há 30 anos.
A apresentação contou, ainda, com as participações das sopranos Angel Blue, norte-americana que integrou um programa para jovens talentos na Opera de Los Angeles, dirigida por Plácido, e Micaëla Oeste, alemã criada nos EUA, que estreou neste ano na mesma instituição.
Marcante
O evento aconteceu no mesmo salão onde foi realizado o show da cantora Jennifer Lopez, em junho passado. A plateia foi dividida em mesas de oito lugares. A orquestra iniciou a apresentação com a abertura da peça "Zampa", de Louis Hérold.
Plácido entrou em seguida, com "Dein ist mein ganzes Herz", de "A Terra dos Sorrisos", peça de Franz Lehár. Na peça seguinte, foi a vez de Micaëla assumir como solista.
O primeiro momento de palmas mais demoradas veio após a quarta peça, quando Plácido cantou ao lado das duas solistas o "Act I Trio", da opereta "Die Fledermaus", do compositor Richard Strauss. Destaque ainda para o dueto entre o cantor e Angel Blue, em "Tonight", peça do musical "West Side Story", composta por Leonard Bernstein. Depois, Plácido saiu do script oficial ao convidar ao palco os sanfoneiros Ítalo e Renno, que tocaram um medley instrumental de "João e Maria", de Chico Buarque, e do choro flamenco "Santa Morena", de Ernesto Nazareth, acompanhados do violinista Cainã Cavalcante.
Plácido voltou em seguida, acompanhado de Micaëla. Juntos, deram sequência à apresentação com o dueto "Parla, Siam Soli... Si, Vendetta, Tremenda, Vendetta", da ópera Rigoletto, do italiano Giuseppe Verdi.
Foi esse famoso compositor, aliás, que marcou a passagem de Plácido de tenor para barítono em 2009.
Adaptação
A mudança foi uma opção de Plácido para se adaptar ao atual alcance de sua voz, que não é o mesmo do início da carreira - fato reconhecido por ele em entrevista recente (em 2012, ele completou 71 anos de idade). A transição é difícil de se fazer, mas seu desempenho vem sendo elogiado por público e crítica.
Em Fortaleza, não foi diferente, tendo sido efusivamente aplaudido ao fim da apresentação, pouco antes das 23 horas. Das 14 músicas executadas, Plácido cantou em sete, sempre intercalando suas participações com as dos convidados.
O repertório mesclou peças tradicionais e populares, como "Somewhere over the rainbow", do filme "Mágico de Oz". Plácido encerrou com "Besame Mucho", único momento em que o público quebrou levemente o silêncio e cantou junto.
Respondendo às palmas por bis, o cantor voltou acompanhado de Micaela com "Perhaps Love", de John Denver, e, em seguida, com a brasileiríssima "Garota de Ipanema", de Tom Jobim, cantada em português.
A noite foi encerrada sob novos pedidos de bis, atendidos por Plácido com "Aquarela do Brasil", de Ary Barroso. O cantor foi acompanhado por Ítalo e Renno, enquanto Eugene Kohn dava vez a Arthur Barbosa na regência da orquestra.
O que eles pensam
Como você analisa o show?
"Achei fabuloso. E é algo importante ter a Orquestra Eleazar de Carvalho demonstrando capacidade de tocar em um concerto internacional. O governo está de parabéns por ter feito essa inauguração do Centro"
Francisco Pinheiro
Secretário da Cultura do Ceará
"O show foi magnífico, teve todos os elementos que coroam uma grande apresentação. Envolveu a plateia e evocou grandes compositores de nossa música. Deu a importância exata que o Centro representa para o Ceará"
Ernani Barreira
Desembargador
"Foi um espetáculo muito bonito, além de importante para o Estado do Ceará, ao apresentar este Centro de Eventos, que é motivo de orgulho para todos nós e uma referência para o Nordeste"
Fernando Cesar Mesquita
Diretor da Sec. de Comunicação do Senado
Movimento no trânsito é marcado por tranquilidade
A inauguração do Centro de Eventos do Ceará (CEC), com o show do tenor Plácido Domingo, além de apresentações da Orquestra da Câmara Eleazar de Carvalho e do humorista Tom Cavalcante, foi marcada por tranquilidade, isso no que se refere à parte de mobilidade e acesso ao equipamento pelos três mil convidados.
Segundo o comandante da Polícia Rodoviária Estadual (PRE), Túlio Studart, foram disponibilizados 44 policiais, que ficaram responsáveis pela fiscalização e orientação do trânsito em todo o entorno do CEC. O efetivo foi distribuído em quatro viaturas e 20 motos, com homens nas saídas de todos os túneis que dão acesso ao equipamento.
De acordo com o comandante da PRE, a maior movimentação é aguardada para o sábado, dia 18, quando o evento será gratuito e com várias atrações nacionais. "Já está acertado um efetivo de 70 policiais. No entanto, estes homens começarão a atuar desde às 7 horas da manhã, para evitarmos comércio ambulante no entorno e o estacionamento irregular", explicou.
Chamado de "Giro Cultural", o evento terá diversas apresentações artísticas, culturais e esportivas a partir das 19 horas. Uma das atrações é a cantora Daniela Mercury.
Passarelas
Túlio Studart adiantou que, para o dia 18, os policiais da PRE também vão orientar os pedestres a utilizarem a passarela como única forma de atravessar a Washington Soares. "Não aplicaremos multa, pois não é permitido, mas faremos com que as pessoas utilizem as passarelas para evitar qualquer tipo de acidente", explicou.
Fora a PRE, a Polícia Militar do Ceará (PM-CE), disponibilizou 80 homens para segurança do CEC.
Cid quer novo Centro de Eventos no CE
Ainda antes de inaugurar oficialmente o Centro de Eventos do Ceará (CEC) - o que se dará no próximo sábado -, o governador Cid Gomes já anunciou o interesse em construir um novo centro de eventos no Estado. Durante coletiva de imprensa após o show de Plácido Domingo, o chefe do Executivo estadual afirmou que, mesmo que não consiga construir o equipamento em seu governo, pretende deixar o projeto encaminhado.
Em coletiva de imprensa após show do tenor, o governador disse ainda ter ficado triste com a ausência da presidente Dilma Rousseff, e se pronunciou sobre polêmica causada por conta de o evento ter sido fechado a convidados FOTO: LUCAS DE MENESESO plano, explicou, é lançar uma Parceria Público-Privada (PPP) para construir o prédio. "Quero fazer um novo centro que possa ter um grande auditório para quatro ou cinco mil pessoas. São coisas diferentes, um centro de convenções e este centro de eventos. Aqui é feira, congresso, diferente de um auditório que é o que precisa num centro de convenções", esclareceu Cid Gomes.
Além do novo equipamento, o governador lembrou que também será iniciada a reforma do Centro de Convenções Edson Queiroz, que funciona ao lado do Centro de Eventos. Para este último, ele informou que também será lançado, entre este mês e o próximo, um edital para formação de uma PPP, que será responsável pelo sistema de cogeração de energia do prédio. "Os dois equipamentos vão funcionar simultaneamente", disse.
Com capacidade para receber até 42 eventos simultâneos, o Centro de Eventos foi apresentado ontem como o mais moderno e bem equipado do Brasil. "Queremos ser o mais atrativo espaço para realização de eventos nacionais e internacionais do Norte e Nordeste", afirmou Cid.
Ausência
O evento de ontem contou com a presença de empresários do trade turístico, políticos, secretários estaduais e ministros, entre outros. O governador, contudo, não escondeu a frustração com a ausência da presidente Dilma Rousseff.
"Fiquei triste, esperava que ela viesse. Alguém poderia fazer intriga, mas, para mim, estava tranquilo, porque ela fazia inauguração aqui do governo e, no dia seguinte, inaugurava o equipamento da Prefeitura (o Hospital da Mulher), e ninguém poderia dizer que haveria aí qualquer privilégio de político. Mas, enfim, a agenda dela quem resolve é ela. Lamentei muito a ausência. Ela mandou por escrito uma carta, pedia a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) que a representasse, mas eu não posso esconder que eu fiquei triste".
Cid Gomes também se pronunciou sobre a polêmica gerada nas redes sociais em torno do show de Plácido Domingo, por ter custado mais de R$ 3 milhões e ter sido fechado para três mil convidados.
"Esse é um equipamento que tem que vender os espaços, e o público que compra espaços, que realiza feiras, é um público que está muito centrado no Sul do País. Ou a gente atrai essas pessoas para cá ou a gente vai ficar com equipamento aqui que não vai ser usado. Então, eu acho que a melhor forma é fazer o que nós fizemos, um grande evento, com uma atração internacional, e, dessa forma, a gente ter trazido para cá as principais autoridades, e são os nossos potenciais compradores, estamos vendendo aqui o espaço".
Como selecionar
Sobre abrir uma área para o público em geral no evento, ele afirmou: "o espaço é limitado. Aí você convidaria quais pessoas? Fortaleza tem 2,5 milhões de habitantes, quais seriam as 20 mil, que seja, que seriam convidadas? De que forma eu iria separar? Isso não é uma inauguração. O que aconteceu hoje aqui foi um evento dirigido para os contratadores, para os futuros clientes do equipamento".