Pensando em formas de minimizar a crise econômica instaurada em decorrência da pandemia do novo coronavírus, a marca cearense de bolsas artesanais Catarina Mina criou, no domingo (17), um fundo de arrecadações, através da campanha virtual "Artesanato Vivo", para ajudar cerca de 300 artesãs parceiras presentes em todo Estado.
De acordo com a diretora criativa da marca, Celina Cavalcante Hissa, de 36 anos, na campanha, a empresa é apenas uma ponte entre os doadores e as artesãs que serão beneficiadas. "A marca já mantém um relacionamento próximo com as nossas artesãs, então estamos fortalecendo isso. O objetivo principal dessa campanha é suprir as necessidades básicas das artesãs que trabalham com a gente e que foram afetadas pela crise", diz.
A doação pode ser feita diretamente, independentemente de valor mínimo, através do site abacashi.Com/p/artesanato-vivo-catarina-mina.
Com 300 produtores vinculadas e espalhadas por Fortaleza, Aracati, Trairi, Moitas, Aracatiaçu, Sobral e Itaitinga, Celina diz que, em um primeiro momento, a marca ainda conseguiu ajudar com cestas básicas. Contudo, o endurecimento das restrições necessárias para conter a transmissão do vírus no Estado obrigou a produção a fazer uma pausa.
"Com o tempo, percebemos que as nossas ações de vendas não dariam conta de suprir as necessidades dessas artesãs que têm a Catarina Mina como primeira fonte de renda. De início, a gente busca atingir as primeiras 100 famílias de artesãos, tudo vai depender das doações", esclarece Celina, que afirma ainda que as necessidades entre as artesãs são as mais básicas como alimentos, água e produtos de higiene.
Além da campanha de arrecadação, a diretora comenta que há uma rede de apoio virtual para as artesãs. "Nós temos focado, também, em três grupos de WhatsApp com orientações básicas de higiene, esclarecimentos sobre fake news, como conseguir o auxílio emergencial do Governo Federal, tudo", conta.
Para a diretora criativa, o momento é de "resgatar valores, ressaltar a coletividade, o sentimento de comunidade, olhar para o próximo. O que é pouco pra gente pode ser muito para outra pessoa".
Repasse
O repasse das doações vai ocorrer de forma transparente e detalhada, por meio das redes, tanto para quem doou quanto para quem vai receber. "Todo o dinheiro arrecadado será repassado integralmente para as associações de artesanato e artesãos independentes. A gente já trabalha de maneira transparente com a marca, então nessa campanha não seria diferente", pontua Celina.
Uma das colaboradoras a ser beneficiada e líder da Associação dos Produtores de Artesanato de Itaitinga, Francisca Aldenice Félix, de 60 anos, fala que, pelo menos 50 artesãos devem receber o benefício no município, localizado na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). "A maioria das pessoas estão desempregadas. A situação está bem difícil já que não tem como trabalharmos e não podemos circular pelas cidades para comprar material", relata.
Conforme Aldenice, haverá um mapeamento, entre as produtoras da região, de quem precisa de maneira urgente da ajuda. "Eu, por exemplo, sou aposentada. Mas, no grupo todo, só eu e outra artesã que somos. Tem gente que só tirava renda da produção, outras que o marido perdeu o emprego e ainda não conseguiu nem o Auxílio Emergencial".
Para a artesã, "é muito bom poder trabalhar com gente de atitude e transparência. Infelizmente, não está fácil para ninguém, mas esse apoio vai nos fortalecer, sem dúvidas".