Gestantes brasileiras podem receber a vacina contra o novo coronavírus. A recomendação para que seja realizada a imunização em grávidas consta em uma Nota Técnica do Ministério da Saúde, publicada segunda-feira (15), e foi incorporada nesta quinta (18) ao Plano Estadual de Vacinação do Ceará.
O documento nacional orienta que tanto as grávidas com comorbidade quanto as que não as têm podem ser imunizadas. A escolha é de cada gestante, mas gestores e profissionais de saúde devem orientar as mulheres sobre a possibilidade de administração de vacinas para prevenção da Covid-19 nessa população.
Ouça o que diz a obstetra Liduína Rocha
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No Ceará, as pessoas com comorbidades, segundo o Plano Estadual de Vacinação, devem ser imunizadas na 3ª fase do grupo prioritário. Atualmente, o Estado está ainda na 1ª fase da vacinação.
O Ministério da Saúde orienta que a vacina seja oferecida às gestantes sem comorbidades, após avaliação dos riscos e benefícios, principalmente em relação às atividades desenvolvidas pela mulher.
Já no Plano Estadual do Ceará consta apenas as gestantes com comorbidade, não sendo mencionada ainda a possibilidade para aquelas que não se enquadram nessa condição.
O documento da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) foi atualizado e traz, em sua 8ª versão, a recomendação expressa pelo Ministério da Saúde de que as gestantes que se enquadrarem nesses critérios devem ser vacinadas, conforme a ordem do calendário de vacinação dos grupos prioritários. Não é necessário apresentar o teste de gravidez para comprovar a gestação.
As comorbidades preexistente, descritas no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19, são:
- Diabetes;
- Hipertensão arterial crônica;
- Obesidade (IMC<!30);
- Doença cardiovascular;
- Asma brônquica;
- Imunossuprimidas;
- Transplantadas;
- Doenças renais crônicas e;
- Doenças autoimunes
Incorporação das gestantes na vacinação
O Ministério da Saúde, na Nota Técnica, aponta que as vacinas contra da Covid, com diferentes tecnologia disponíveis atualmente no Brasil, “ainda não foram testadas em gestantes, puérperas e lactantes, motivo pelo qual não se tem dados e informações definitivas sobre os reais efeitos nessas populações específicas”.
Contudo, estudo em animais, aponta a nota do Ministério, não demonstraram riscos capazes de causar dano ao embrião ou feto durante a gravidez.
A Nota menciona ainda que há uma urgência em se posicionar sobre a vacinação para essa parcela da população diante do agravo da pandemia e acrescenta "principalmente, no caso das gestantes, devido ao maior risco de complicações que elas e os bebês enfrentam quando infectados pelo vírus, podendo-se citar a maior probabilidade de parto prematuro".
Puérperas e lactantes estão no plano
No caso das puérperas e lactantes, segundo o documento, a vacina deve ser oferecida caso elas pertençam a um dos grupos prioritários elencados no Plano. Após vacinadas, as lactantes não devem interromper o aleitamento materno e aquelas que desejarem doar o leite materno, também poderão fazê-lo.
A obstetra, presidente do Comitê Estadual de Prevenção a Morte Materna, Fetal e Infantil, consultora da Escola de Saúde Pública do Ceará, Liduína Rocha, explica quando se fala da relação entre gravidez e Covid, é preciso perguntar: “a Covid complica a gravidez? A gravidez complica a Covid?”, ela ressalta que a ciência tem respondido sim para as duas questões.
“Uma gestante que tem Covid tem maior chance de ter desfechos obstétricos adversos, como maior chance de abortamento, parto prematuro, evento tromboembólico, especialmente no puerpério. Ao mesmo tempo que uma gestante que está com o Covid tem mais chance de complicar da doença”.
Ela acrescenta que, no mundo, a Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (Figo), o Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia pontuam que “gestante é um grupo de risco para Covid”. No Brasil, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) também já havia se posicionado sobre essa possibilidade de imunização das grávidas com as vacinas disponíveis atualmente.
De acordo com a médica, Liduína Rocha, ao publicar a nota, o Ministério da Saúde “se alinhou nesse sentido em que ele pontua dois contextos, o da gestão, em que se aponta que os riscos da vacina parecem ser muito menores do que os benefícios que ela pode trazer e que a vacina, até agora, no mundo todo quando aplicada em gestantes não houve efeitos adversos diferentes da população geral”.
Orientações para as mulheres
As gestantes, puérperas e lactantes quando vacinadas, assim como todas as demais pessoas imunizadas, devem manter as medidas de proteção contra a Covid-19. O documento também menciona que mulheres que optarem por não receber as vacinas devem ser apoiadas em sua decisão e instruídas a manter as medidas de prevenção contra a Covid-19.
A obstetra Liduína reforça que é “importante entender que o que a gente tem como política de preservação da vida é o isolamento social, o mais restritivo possível para esse grupo. E quando houver necessidade de sair, por algum motivo, e o motivo que a gestante tem que sair, são as consultas de pré-natal e a realização de exames baseados nas melhores evidências, garantir o distanciamento social e o uso de máscara adequada. E garantir a vacinação como política pública vai dar maior segurança”.
As recomendações do documento devem ser atualizadas, conforme surjam novas evidências científicas e a depender do cenário epidemiológico da Covid-19.
Como se cadastrar para vacina
Quem deseja se cadastrar para vacinação contra Covid-19 no Ceará deve acessar a plataforma Saúde Digital.