Dentre as 10 maiores capitais do País, Fortaleza é 8ª em aplicação da segunda dose contra a Covid-19

Somando 324.111 segundas doses aplicadas, a capital cearense tem 12% de sua população total vacinada. Índice está acima da média nacional

Dentre as 10 maiores capitais do Brasil, Fortaleza aparece em 8º lugar no ranking de imunização com a segunda dose - também chamada D2 - contra a Covid-19, com 12,06% de sua população total vacinada. 

Conforme dado mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a capital cearense tem população estimada em 2.686.612 pessoas. E contabiliza a aplicação de 324.111 segundas doses e de 622.034 primeiras doses (D1), aponta o Vacinômetro da Prefeitura de Fortaleza, atualizado às 23h55 dessa segunda-feira (31).  

Com percentuais de vacinação respectivos em 11,04% e 10,47%, Curitiba e Brasília foram as únicas capitais a apresentar pior cobertura vacinal que Fortaleza. A capital do Paraná tem população estimada em 1.948.626 e somou 215.237 segundas doses aplicadas até às 15h59 desta terça-feira (1º). Brasília, por sua vez, anotou 320.098 D2 aplicadas dentro de um universo de 3.055.149 pessoas, até 31 de maio.  

Belo Horizonte é capital brasileira que aparece no topo do ranking, com maior percentual (14,64%) de cobertura vacinal. Em seguida, vem Rio de Janeiro, com 14,20% de sua população total imunizada; e Recife, com 14,01%.   

Especificamente no Nordeste, Fortaleza aparece como a 4ª capital – dentre as nove - que mais imunizou com a segunda dose. Fica atrás somente de Recife (14,01%), Salvador (12,92%) e João Pessoa (12,47%). 

O Vacinômetro da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) indica que 1.020.941 segundas doses foram aplicadas no Estado. O número foi atualizado na plataforma às 17h do último 31 de maio. Diante disso, é possível afirmar que Fortaleza responde por 31,74% do total de D2.  

Imunização acima da média nacional   

De acordo com dados atualizados pelo Ministério da Saúde às 10h04 dessa terça (1º), 22.106.516 de pessoas já tomaram a segunda dose dos imunizantes contra o coronavírus no Brasil. 

Considerando que a população do País estimada pelo IBGE é de 211.755.692 pessoas, o percentual de aplicação da D2 é de 10,43%. Isso significa, portanto, que Fortaleza apresenta índice de imunização superior à média nacional. 

Essa média, consequentemente, também é superada por capitais maiores, no topo do ranking de vacinação como Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Manaus, Recife, dentre outras.

Cenário poderia “estar melhor”, avalia especialista 

Embora Fortaleza figure entre as 10 maiores capitais do Brasil que mais vacinaram com a segunda dose contra o SARS-CoV-2, o cenário local poderia "estar melhor". É o que avalia a professora da Universidade Federal do Ceará (UFC) e integrante da Comissão de Epidemiologia da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Lígia Kerr. 

Ela reconhece o esforço das gestões estadual e municipal para acelerar o processo, mas lembra que a vacinação está ocorrendo a um ritmo aquém do esperado. E por todo o Brasil, tendo em vista a falta de imunizantes suficientes para uma cobertura vacinal mais ampla. “Era pra gente estar melhor que isso. Por não termos vacinas, estamos optando por um sistema de vacinação que não favorece”.  

Para Lígia Kerr, a falta de imunizantes e as decorrentes mudanças no Programa Nacional de Imunização (PNI), antes considerado referência mundial, têm provocado efeitos negativos, como o surgimento dos chamados ‘fura-filas’ da vacina. Como resultado, exigências antes nunca feitas também acabaram se tornando praxe. 

"Nós não usamos, na maioria dos locais [de vacinação], as unidades de saúde. E nunca exigimos, por exemplo, que pessoas de risco ficassem apresentando um atestado. Isso aí prejudica e atrasa [a imunização dessas] populações mais pobres, que são as mais vulneráveis e têm dificuldade de ter um atestado", justifica. “Imagina a quantidade de pessoas humildes que não estão conseguindo se vacinar”. 

A especialista também diz reconhecer o papel “extremamente importante” desempenhado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas entende que “algum problema” está ocorrendo com o órgão, que negou a autorização para o Ceará e outros estados importarem a vacina Sputnik V.  Isso também compromete o desempenho dos municípios na imunização contra a Covid.  

“Se nós tivéssemos mais vacinas e utilizando toda a capilaridade do Programa Nacional de Imunização, nós já estaríamos muito mais vacinados”.