Desde o dia 15 de março, o Estado do Ceará vem, paulatinamente, apresentando acréscimos no número de casos confirmados da Covid-19, a infecção causada pelo novo coronavírus Sars-Cov-2, que vem derrubando sistemas de saúde de todo o mundo. Há exatamente 20 dias, o Ceará contava apenas três registros, de acordo com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa-CE), mas, ontem, chegou à preocupante marca de 658 confirmações.
Em um período de tempo menor, uma semana antes, por exemplo, eram 282 casos confirmados. O aumento de 133% em sete dias também revela uma média amarga: entre 27 de março e ontem, mais de duas pessoas receberam a confirmação da Covid-19, por hora, no Ceará – ou cerca de 54 testaram positivo para o novo coronavírus a cada dia.
De acordo com a atualização diária dos dados da Secretaria da Saúde – agora realizada digitalmente por meio da plataforma IntegraSUS –, dos 658 casos confirmados, 600 (ou 91,1%) concentram-se na cidade de Fortaleza. Na quinta-feira (2), a Prefeitura de Fortaleza informou que a infecção viral já se estende por mais de 50 bairros da Capital e foi responsável por 17 mortes, divididas em apenas 13 bairros, como Meireles, Cocó, Fátima e Conjunto Ceará. Em todo o Estado, foram contabilizados 22 óbitos em razão da doença.
Preocupação
Em coletiva de imprensa, realizada no fim da tarde de ontem, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que Fortaleza é uma das cinco cidades que causam preocupação à Pasta. Com ela, estão São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus e Distrito Federal.
“Temos alguns números de cidades que têm muito fluxo internacional, como foi o caso no Ceará, de Fortaleza, em que os casos foram muito notificados”, pontuou Mandetta, ao citar os demais municípios como locais em que o Ministério da Saúde está fazendo monitoramento mais ativo.
Conforme o ministro, isso ocorre porque os cinco estados têm os maiores coeficientes de incidência – números de casos em relação à população do Estado. Nesse quesito, o Ceará é o terceiro do Brasil, com 6,8 habitantes com Covid-19 a cada 100 mil habitantes. Acima só estão Distrito Federal (13,2) e São Paulo (8,7).
Estratégia
Durante a última transmissão ao vivo realizada online, o secretário da Saúde do Estado, Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, o Dr. Cabeto, afirmou que há uma razão para o número de notificações do Ceará ser maior do que em estados como Paraíba, Rio Grande do Norte e Piauí. “Isso mostra uma estratégia do Estado do Ceará de tentar ampliar as notificações para que a gente possa entregar aos pesquisadores, epidemiologistas, médicos e profissionais de saúde a realidade mais adequada”, disse o gestor.
De acordo com o secretário, o Ceará tem realizado, em média, 400 exames de investigação da presença do novo coronavírus no sangue de pacientes a cada dia. Segundo o último informe epidemiológico da Secretaria, no qual eram divulgados os dados da Vigilância Laboratorial, até o dia 1º de abril tinham sido realizados 5.424 exames de diagnóstico da Covid-19 no Ceará. Do total, 4.415 foram feitos pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen) e 1.009 por laboratórios particulares.
Óbitos
Na tarde de ontem, a plataforma digital da Sesa registrou mais um óbito em decorrência do novo coronavírus no Ceará. Com a atualização, subiu de 21 para 22 o número de pacientes cujo quadro evoluiu para morte.
Dos óbitos informados pela Secretaria da Saúde do Ceará, nove casos ainda não tiveram sexo ou faixa etária informados. Entre as mortes detalhadas, duas tinham idades entre 20 e 49 anos, quatro de 50 a 69, e sete com 70 anos ou mais. Ao todo, são sete do sexo feminino e seis do masculino, de acordo com informações disponíveis na plataforma IntegraSUS. A última vítima era da cidade de Farias Brito, na região do Cariri cearense. Segundo o informe epidemiológico, a paciente era uma mulher com faixa etária entre 50 e 69 anos.
Além do primeiro caso de óbito registrado no Cariri e dos 17 em Fortaleza, a Secretaria de Saúde também contabilizou mortes pela doença viral nos municípios de Eusébio, Jaguaribe, Santa Quitéria e Tianguá (um em cada). A taxa de letalidade no Ceará, atualmente, é de 3,34%.
Os casos confirmados, por sua vez, se estendem por 22 cidades, além da Capital. São elas: Aquiraz (15), Sobral (5), Caucaia (4), Icó (2), Maracanaú (2), Maranguape (2), Quixadá (2), Beberibe (1), Canindé (1), Eusébio (1), Farias Brito (1), Fortim (1), Ipaporanga (1), Itaitinga (1), Itapipoca (1), Jaguaribe (1), Juazeiro do Norte (1), Mauriti (1), Santa Quitéria (1), Tianguá (1) e Itapajé (1). Há ainda doze registros cuja localidade não foi informada.