Estar com Covid, conhecer quem testou positivo ou saber de alguém que está com suspeita de contaminação. A sensação agora é de que o ritmo de infecção é bem mais veloz do que em outros momentos da pandemia. E, de fato, no Ceará, janeiro de 2022 tem um incremento considerável de casos da doença. Esse mês, o número de confirmações já é 7 vezes mais do que o total contabilizado em dezembro de 2021.
A análise feita pelo Diário do Nordeste tem como base os dados divulgados no Integrasus, plataforma digital da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), na qual constam, dentre outras informações, o total de confirmações e óbitos por dia no Estado.
Em dezembro de 2021 foram 7,5 mil novos casos de Covid. Em janeiro já são 58,7 mil. Um acréscimo expressivo em um intervalo curto.
Quando observada a série histórica de novos casos desde o início da pandemia, em quatro momentos o incremento no Ceará foi significativo de um mês para o outro. Logo no início, abril de 2020, teve 4 vezes mais casos que março, e maio teve 2 vezes mais casos que abril.
Naquele momento, é preciso considerar a dinâmica de espalhamento da cepa original do vírus e a ampliação da testagem, que afetam os registros.
Na segunda onda, de fevereiro para março de 2021 também houve um aumento brusco no número de novos casos. Naquele momento, março registrou quase o dobro de confirmações que o mês anterior.
Já agora, a preocupação é justamente porque a velocidade de transmissão, atribuída a variante Ômicron, é muito mais expressiva.
Desde outubro o Ceará vem registrando elevação no número de novas infecções, contudo, o incremento até dezembro não foi tão discrepante. Em números absolutos, janeiro já tem 51,2 mil casos a mais que o mês anterior.
Aumento exponencial
A infectologista e professora do Departamento de Saúde Comunitária, da Universidade Federal do Ceará (UFC), Mônica Façanha, explica que “estamos na fase de crescimento exponencial de casos”.
As ocorrências graves, completa ela, “geralmente são um percentual pequeno do total de casos, então assim, com a Ômicron e com a vacina esse percentual está sendo bem menor do que foi com as variantes anteriores”.
Ainda assim, pondera a médica, como no atual cenário o número de casos é bastante elevado, há uma tendência que “apareçam casos graves”.
A preocupação, diz Mônica, deve ser a mesma da primeira e da segunda onda: diminuir a transmissão para que o sistema de saúde aguente receber de forma adequada os pacientes que necessitem.
Uma das medidas de prevenção que pode ser reforçada, orienta, é o uso da máscara. Para tentar aprimorar a proteção, autoridades de saúde recomendam o uso da máscara N95 ou PFF2.
No Ceará, o decreto publicado pelo Governo do Estado em 15 de janeiro, estabelece o uso obrigatório, desde o dia 24 de janeiro, de máscaras desses tipos ou similares para trabalhadores da área da saúde, de farmácias, supermercados e escolas.
“O acesso a essa máscara é mais difícil. Então, os profissionais que lidam com muita gente, profissionais que estão muito expostos devem se beneficiar. A máscara precisa ficar muito bem adaptada ao rosto”, completa a infectologista.