Foi só receber as notas obtidas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), para suspeitar que havia alguma coisa errada com a correção da prova de Linguagens. Depois de acertar 34 das 45 questões, a cearense de Acarape, Ana Letícia da Silva Alves, de 21 anos, achou estranho conseguiu a pontuação de 612,4. A desconfiança de um erro na correção aumentou ao descobrir que cerca de seis mil candidatos pelo Brasil também passaram por situação parecida: tiveram as pontuações das provas com diferenças de até mais de 400 pontos para baixo em razão de erros na correção.
Ana Letícia já presta o Enem pela quinta vez e tenta vaga no curso de Comunicação Social - Jornalismo, na Universidade Federal do Ceará (UFC). "Minha nota de Linguagens não condiz com a quantidade que eu acertei. Acertei 34 e tirei 612,4. Com esse número de questões deveria ter tirado, no mínimo, 650. Essa nota me prejudicou bastante. E ano passado eu fiz o Enem com tanta vontade que a minha nota da redação foi 980, pra chegar esse ano e eu não conseguir de novo, é frustrante", desabafa.
Buscando garantir a reavaliação do resultado, a candidata recorreu ao Ministério Público Federal. Além disso, utilizou o e-mail oficial criado pelo Inep, disponível até as 10h desta segunda-feira (20) para relatar a reclamação.
Prazo para o Sisu prorrogado
Diante dos erros em notas do Enem 2019, o governo vai estender em dois dias o prazo do Sisu (Sistema de Seleção Unificada). A abertura das inscrições foi mantida para esta terça-feira (21) e segue, agora, até domingo (26).
O governo também informou que as notas com erros já foram corrigidas e podem ser acessadas pelos participantes.
No cronograma anterior, as inscrições do Sisu seriam encerradas na sexta (24). O sistema concentra as vagas de instituições públicas de ensino superior oferecidas a participantes do Enem.
"Para quem tiver qualquer problema, a gente esta estendendo [o prazo] em mais dois dias", disse o ministro da Educação, Abraham Weintraub, em vídeo publicado nas redes sociais na tarde desta segunda-feira (20).
Weintraub afirmou que a maioria dos 6.000 casos de notas erradas confirmados até agora foram registrados em quatro cidades: Viçosa, Ituiutaba, Iturama (todas em MG) e Alagoinhas (BA).
"Teve mais alguns casos esparsos, mas mais de 95% estão nessas quatro cidades", disse, também no vídeo, o presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), Alexandre Lopes.
Lopes afirmou que o Inep analisou os dados de todos os 3,8 milhões de participantes para conferir possíveis erros.
O Inep recebeu 75 mil mensagens com reclamações de erros até as 10h desta segunda. O órgão anunciou na noite de domingo (19) que só iria fazer a conferência de casos recebidos até esse horário, contrariando informação anterior do próprio governo.