Após decreto sobre Réveillon, Sobral, Jericoacoara e Aracati afirmam que não terão grandes festas públicas

Autoridades públicas anunciam adesão às regras e analisam as possibilidades divulgadas pelo Governo Estadual; especialista analisa o risco e indica medidas de segurança para quem vai participar de encontros sociais

Aproveitar o momento de redução dos casos da pandemia da Covid-19 é o desejo de muitos cearenses, mas autoridades públicas e especialistas alertam para a necessidade de moderação nos encontros sociais. O governador do Estado, Camilo Santana (PT), anunciou na tarde desta sexta-feira (26) o veto a grandes eventos de Réveillon. A decisão, conforme o chefe do Executivo, objetiva frear o aumento de casos da Covid-19 observado "em alguns municípios do Ceará".

Representantes do Conselho das Secretárias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems) e Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece) se posicionaram a favor da determinação. Para Nilson Diniz, assessor técnico da Aprece, "a decisão é prudente e acertada". 

Já cidades com ampla demanda turística neste fim de ano, como Jericoacoara, afirmaram que acatarão a decisão e não realizarão eventos públicos.

O procurador de Jijoca de Jericoacora, Ary Leite, pontuou que "o Município não vai realizar festas e, as particulares, serão rigorosamente fiscalizadas".

Nenhum evento público vai ser promovido pelo Município. Vamos aguardar a publicação do decreto para vermos as determinações, mas já adianto que corrroborareamos com todas as medidas. E, o que for necessário, será feito.
Ary Leite
Procurador de Jijoca de Jericoacora,

Na Capital, as novas exigências são avaliadas para definição se haverá festejos públicos e como devem ser planejados. "A Prefeitura de Fortaleza integra o Comitê Estadual e participa das decisões. A gestão municipal se adequará à deliberação desta sexta-feira e se pronunciará após analisar as possibilidades", informou a gestão.

Em Aracati, não acontecerão as festividades de fim de ano por causa das medidas para evitar a transmissão da Covid-19. "Em alinhamento com os decretos do Governo do Estado do Ceará e o comitê científico do estado, a Prefeitura informa o cancelamento de todas as ações relativas ao Réveillon de Aracati 2022", informou Luan Mota, secretário de turismo.

Sabemos da importância da retomada econômica, e dos efeitos positivos que eventos como este trazem para o município, mas em momento algum, eles podem se sobrepor ao interesse maior, que é a segurança de nossa gente
Luan Mota
Secretário de Turismo

A Justiça proibiu a Prefeitura de Aracati de realizar eventos sociais em descumprimento às normas sanitárias contra a Covid-19. O Executivo da cidade é investigado pela realização do 4° Festival de Gastronomia e Cultura de Aracati.

O prefeito de Sobral, Ivo Gomes (PDT), publicou, nas redes sociais, que o município não terá festas de fim de ano. “Tenho acompanhado o debate acerca das celebrações de fim de ano e carnaval. Para que todos possam se programar, reitero que em Sobral não haverá festa pública de ano novo”, frisou.

Em entrevista ao colunista Inácio Aguiar, Ivo Gomes disse que lamenta a decisão. “É uma festa que eu mesmo gosto, mas ela reúne pessoas de várias cidades e nós ainda não estamos podendo realizar. Não vamos descuidar", destacou.

Temor de uma terceira onda 

Ao concordar com a decisão, Nilson Diniz lembra que o Estado ainda possui "índice de vacinação abaixo do necessário para que tenhamos imunização de rebanho" e exemplifica que, em países da Europa onde houve relaxamento das medidas e liberação de grandes eventos, os casos de infecção voltaram a subir. 

Ele reconhece que se o processo de imunização não avançar, paralelo aos eventos de fim de ano que costuma reunir grande número de pessoas, é "possível que tenhamos uma terceira onda" no Ceará. "Isso nos deixa preocupado", pontuou o representante da Aprece. os e obitos mas tbm de internações.

Momento agora é de ter precaução. Não se pode soltar a corda.
Nilson Diniz
Assessor técnico da Aprece

O Cosems também destaca que as grandes festas não devem ser realizadas pela complexidade no controle e fiscalização. "Quando falamos de festas de Réveillon e Carnaval, atraímos pessoas de todo canto do Brasil e no mundo", frisa a presidente Sayonara Cidade.

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O aumento de casos na Europa também é analisado pela organização e indica o receio para as festas com maior número de pessoas. "Vale reforçar que com a não vacinação e aglomerações, o vírus pode continuar seu processo de transmissão e mutação, prejudicando a população", acrescenta.

Como avalia a ciência

Quem escolhe participar das celebrações para o ano novo deve se ater ao espaço e aos comportamentos de segurança. “Não sei se essa quantidade de pessoas é a ideal, porque vai ficar muita gente dependendo do tamanho do espaço”, analisa Mônica Façanha, médica infectologista.

No momento de beber e se alimentar, quando há necessidade de tirar máscaras, há maior risco de transmissão. “Provavelmente, não vão adoecer porque estão vacinadas, mas podem levar a doença para quem estiver em torno delas”, completa a especialista.

Juntar muita gente aumenta a possibilidade de alguém ser portador e transmitir para outras pessoas nos lugares em que frequentam
Mônica Façanha
Médica infectologista

O secretário da Saúde do Ceará, Marcos Gadelha, divulgou o quantitativo de municípios pelo grau de imunização - seis deles abaixo de 50% considerando a população acima de 12 anos. "Isso significa que ainda existe circulação do vírus e deve aumentar a preocupação com a cobertura vacinal e as pessoas cumprirem os protocolos sanitários", ponderou.

Essas cidades podem ser associadas aos bolsões de não imunizados, onde há concentração de pessoas sem a proteção para a doença, como avalia Mônica Façanha. “Se essas pessoas estão bem espalhadas, o risco de encontrar alguém infectado é pequeno, mas à medida que se reúne essas pessoas o risco aumenta”.

Outro ponto de alerta para as autoridades públicas é a descoberta de uma nova variante, Ômicron, da doença. “A gente ainda não tem muita certeza se a imunidade que a gente tem com as vacinas vai ser suficiente”, aponta a especialista.

Mônica analisa o período epidemiológico como tranquilo, mas é preciso ter cuidado “para não voltar aonde estivemos”. “A primeira coisa é realmente estar vacinado com as duas doses, e tomar a dose de reforço no agendamento, porque a gente está contando com a imunidade que a vacina traz”, frisa.

A especialista recomenda:

  • Ficar só entre pessoas com quem você já convive sem máscaras;
  • Ficar com a máscara o maior tempo possível, higienizar as mãos e não tocar nos olhos ou boca;
  • Encontrar os amigos em festas menores;
  • Completar a imunização antes dos encontros.