O legado de Pelé: o maior jogador de futebol de todos os tempos; veja trajetória, fotos e gols

O Rei do Futebol morreu nesta quinta-feira (29), aos 82 anos

O rei, o craque, o gênio, o maior de todos os tempos. Edson Arantes do Nascimento, Pelé para o mundo, pendurou a coroa e as chuteiras douradas da vida nesta quinta-feira (29), aos 82 anos.

Em cada canto do mundo, do garotinho aprendendo o que é futebol, ao mais velho, saudoso por obras de arte do camisa 10 da Seleção Brasileira, o nome Pelé traz consigo marcas do inacreditável com a bola. A história do Rei do Futebol ganha um novo capítulo hoje, com a despedida em vida, mas segue eternizada na retina, em museus, no cinema e no imaginário de todos que amam o esporte.

Nascido em Três Corações, Minas Gerais, em 23 de outubro de 1940, Pelé recebeu todos os prêmios e homenagens possíveis, reverenciado por torcedores, jogadores, entidades e celebridades, ligados ou não ao futebol. Porque Edson Arantes do Nascimento foi maior que o próprio esporte que o moldou. Transformou-se em um sinônimo de sucesso, determinação e ápice.

Início no futebol

Desde pequeno, Edson Arantes do Nascimento era amante do futebol. Filho de Celeste Arantes e de João Ramos do Nascimento, o Dondinho, também jogador, Pelé deu os primeiros chutes em uma bola de pano. Das ruas mineiras, pouco tempo depois, em 1944, passou a correr e praticar na cidade de Bauru, em São Paulo, para onde a família mudou-se.

Começou a carreira de jogador de futebol aos 10 anos - precoce desde sempre -, no infanto-juvenil do Bauru Atlético Clube, onde, anos depois, conquistou os primeiros títulos: bicampeonato em 1954 e 1955.

Santos

O primeiro contato com o Santos, clube pelo qual ganharia o mundo, foi em 1956, pelo jogador Waldemar de Brito, que o levou para treinar no clube. Em um jogo treino, Pelé guardou quatro gols e encantou. Atuou profissionalmente pela primeira vez no dia 7 de setembro do mesmo ano, em um amistoso entre Santos e Corinthians, quando fez dois gols na vitória de 7 a 1. Ao balançar as redes duas vezes, também abriu contagem oficial para o milésimo gol.

À época com 15 anos, ele foi apelidado por Zito e Pepe, veteranos do time, como Gasolina, e assim apareceu na súmula. Pelé entrou no intervalo daquele jogo, substituindo Del Vecchio, considerado o melhor do elenco. Os corintianos, que desconheciam a qualidade do garoto, levaram um sufoco e mais gols.

Pelo Santos, Pelé conquistou 14 títulos mais conhecidos e outros 25 torneios no exterior.

Títulos pelo Santos

  • Bicampeão da Taça Libertadores da América (1962 e 1963)
  • Bicampeão Mundial de Interclubes (1962 e 1963)
  • Campeão da Taça de Prata (1968)
  • Cinco vezes campeão da Taça Brasil (1961, 62, 63, 64 e 65)
  • Quatro vezes campeão do Torneio Roberto Gomes Pedrosa/Rio-São Paulo (1959, 1963, 1964 e 1966)
  • 25 títulos de torneios no exterior

Seleção e primeira Copa (58)

A estreia na Seleção Brasileira aconteceu no dia 7 de julho de 1957, aos 16 anos, contra a Argentina, no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro. Era a chamada Copa Rocca, quando marcou o primeiro gol pela camisa amarelinha, mas o dia foi de derrota: 2 a 1 para os argentinos.

A relação entre Pelé e a camisa 10, no entanto, começou na Copa do Mundo da Suécia, em 1958. Apesar das expectativas para a atuação do guri, ele foi reserva nas duas primeiras partidas e só atuou na terceira, contra a União Soviética. Não fez gol, mas viu Garrincha abrir o placar e depois deu assistência para Vavá. O primeiro gol oficial em copas veio na partida seguinte, contra o País de Gales, pelas quartas de final.

A final foi contra a Suécia, dona da casa. O Brasil não tomou conhecimento e aplicou um 5 a 2, com direito a dois gols do Pelé. Com o feito, o craque se tornou o jogador mais jovem a conquistar uma Copa do Mundo.

Copa do Chile (62)

No Mundial seguinte, no Chile, em 1962, o mundo já conhecia Edson Arantes do Nascimento. Carregava a camisa 10 e o peso de ser considerado o melhor jogador do planeta. O primeiro jogo foi diante do México. Zagallo fez o primeiro gol no início do segundo tempo e Pelé ampliou aos 73 minutos. Na partida seguinte, no entanto, quando Brasil enfrentava a Tchecoslováquia, o craque sofreu uma distensão muscular e ficou fora o restante da competição. Com a ausência do Rei, Garrincha brilhou e levou a seleção ao título mundial.

Inglaterra (66) e México (70)

A Copa da Inglaterra, em 1966, era carregada de expectativa para as exibições da Seleção Brasileira, com grandes jogadores no elenco: Pelé, Garrincha, Gilmar, Djalma Santos, Jairzinho, Gérson e Tostão. E o Brasil estreou com vitória na competição. Venceu a Bulgária por 2 a 0, gols de Pelé e Garrincha. Mas nos enfrentamentos seguintes, contra Hungria e Portugal, levou a pior e não avançou.

No México, em 1970, a seleção canarinho deu show. Sob o comando do agora técnico Zagallo, foram seis partidas e seis vitórias. Pelé marcou quatro gols e foi fundamental para a conquista brasileira, dando passes para Jairzinho, Rivellino e Carlos Alberto. Todos os gols aqui.

A final foi diante da Itália. Pelé abriu o placar, na histórica cabeçada no gol defendido por Enrico Albertosi. A Itália empatou ainda no primeiro tempo, com Roberto Boninsegna. O Brasil desempatou com um balaço de Gerson de fora da área, com a canhotinha. O terceiro saiu de um passe de cabeça de Pelé para Jairzinho, que dominou já empurrando a bola para as redes. E o quarto gol, uma obra de arte, novamente saindo dos pés do Rei. Ele recebe a bola fora da área, percebe Carlos Alberto passando pela direita e apenas rola, com tranquilidade. O capitão chega chutando, sem chances para a defesa italiana.

Milésimo gol

Em novembro de 2021, o famoso milésimo gol de Pelé completou 52 anos. Foi um feito que sacudiu o mundo do futebol. Precisamente em 19 de novembro de 1969, uma quarta-feira agitada e chuvosa no Rio de Janeiro, o maior craque de todos os tempos entrou para a história por mais um feito: o gol de número mil.

Eram 65.157 pessoas presentes no Maracanã para ver a eternidade sendo escrita. Santos enfrentava o Vasco, pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, considerado o Campeonato Brasileiro da época. O gol saiu apenas no segundo tempo daquele jogo morno. Aos 34 minutos, Pelé recebeu um passe de Clodoaldo e sofreu pênalti dentro da área pelo zagueiro Fernando Silva.

O mundo ficou em silêncio enquanto o eterno camisa 10 abaixou para arrumar os meiões. Os jogadores santistas foram para o centro do campo. O goleiro Andrada, a vítima, chegou a conversar com Pelé antes da cobrança.

O gênio deu três passos lentos em direção à bola, depois apressou a corrida, fez uma ligeira paradinha e... estava lá o tento de número mil, no canto esquerdo de Andrada, para loucura geral do planeta. Desta vez, não deu o tradicional soco no ar. Foi em busca da bola no fundo das redes. Em poucos segundos já estava nos braços de jornalistas, torcedores e dirigentes.