Icasa aguarda indenização após Justiça penhorar R$ 52 milhões da CBF em ação sobre a Série B 2013

Clube alega que prosseguimento do processo ocorreu sem consentimento e que a CBF deve recorrer

No último fim de semana, o Icasa conseguiu uma decisão favorável contra a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), com o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) realizando uma penhora de R$ 52 milhões da entidade após acordo entre ela e o clube cearense não acontecer.

O Verdão move ação contra a CBF desde 2014, alegando escalação irregular do atleta Luan, do Figueirense, na Série B do ano anterior, sendo prejudicado por não ter sido promovido à Série A, mesmo com a mentora do futebol brasileiro tendo admitido o erro na escalação do jogador.

Sem acordo

A Justiça havia condenado a CBF para pagamento da dívida ao Icasa no prazo de 15 dias, mas ambos entraram em um consenso para suspender o processo por 180 dias e negociarem um acordo. O prazo acabou, um acordo não foi feito e, agora, o trâmite do processo prossegue, com o deferimento da penhora contra a CBF.

Apesar da decisão favorável, ela não foi vista com otimismo pelo presidente do Icasa, Francisco França, em entrevista ao Diário do Nordeste. Segundo o mandatário, a solicitação para o prosseguimento do processo realizado pelo advogado ocorreu sem o consentimento do clube e que a CBF deve recorrer, dificultando um acordo.

A ação de penhora aconteceu, mas o processo prossegue. A CBF tem o direito a recorrer e pode demorar um tempo para que tudo seja decidido, pode demorar, dois, três anos. Estávamos em negociação e nós não autorizamos os advogados do clube tomarem essa atitude no momento. Atrapalhou a negociação que o clube fazia com a CBF.  Vamos aguardar o retorno do Mauro Carmélio (presidente da FCF) que está viajando, para ver o que podemos fazer
Francisco França
Presidente do Icasa

França lamenta que o clube possa ser prejudicado por uma demora em acordo com a CBF, já que o clube acumula uma dívida de 15 milhões e tem 180 ações trabalhistas.

"O Icasa hoje tem uma dívida de R$ 15 milhões e 180 ações trabalhistas, que estão crescendo. O clube está inviabilizado de recursos. Se tivermos logo um acordo, podemos resolver estas pendências e seguir em frente. Mas pode demorar muito agora", lamentou.

Proposta

O mandatário icasiano afirmou que o clube tinha uma proposta de acordo e que o clube não pode esperar tanto tempo para receber o que tem direito.

"A proposta de acordo que fizemos era de R$ 25 milhões. Mas agora mudou tudo após essa ação de penhora. Vamos aguardar e ver se uma nova negociação de abre. Um acordo tem que sair logo. O Icasa não pode esperar dois, três anos para receber esse recurso".

Em seguida, França admitiu que o valor é inferior ao que o Icasa perdeu por não disputar a Sèrie A de 2014, nmas que o montante ajudaria o clube a se reerguer. 

"O valor que o clube espera receber não representa quase nada do que ele ganharia se jogasse a Série A daquele ano. Ele ganharia R$ 33 milhões só de cota, teriam as rendas, patrocinadores. Aumentaria o turismo na região pelos jogos que teríamos aqui com times grandes. O que aconteceu foi muito ruim para Juazeiro e o Icasa. O prejuízo é incalculável, mas estamos tentando pelo menos que se repare isso, com o clube se reerguendo após essa injustiça".

Em campo

O Icasa está na Série A do Campeonato Cearense e foi eliminado na 2ª Fase, ao retornar ao certame com um time mais barato após problemas financeiros. Agora, o Verdão se prepara para jogar a Copa Fares Lopes de 2021, que dá uma vaga na Copa do Brasil de 2022. Os problemas financeiros se agravaram, e o time do Cariri jogará com um elenco formado por jogadores da base, mais alguns reforços.

"Vamos jogar. Estamos inscritos.  Temos jogadores da nossa categoria de base e vamos contratar alguns atletas para completar o elenco", finalizou França.