O Botafogo desperdiçou uma grande oportunidade de abrir frente no Brasileirão nesta sexta-feira. Depois de fazer 1 a 0 no retrancado Criciúma, nos acréscimos, deu bobeira na defesa e permitiu a igualdade, por 1 a 1. O tropeço no retorno ao Maracanã como mandante após 10 anos pode custar caro, com o Palmeiras tendo chances de encostar na classificação. São quatro pontos de vantagem, mas os paulistas ainda jogam na rodada. O Fortaleza, em 3º, mantém a diferença para o líder Botafogo em 5 pontos.
A equipe carioca já havia perdido dos catarinenses no Heriberto Hülse, por 2 a 1, no primeiro turno, e agora volta a tropeçar. Os cinco pontos desperdiçados diante de um rival que luta contra a queda podem custar caro, pois o Palmeiras é favorito diante do Juventude, no domingo, e pode esquentar de vez a briga caso vença. Ficariam com 60 pontos diante de 61 dos líderes, mas com confronto direto por fazer no Allianz Parque na 36ª rodada.
Depois de 10 anos, o Botafogo retornou ao Maracanã para mandar um jogo pelo Brasileirão. Com casa lotada - todos ingressos vendidos antecipadamente - e suas principais estrelas, o time queria manter a folga na liderança da tabela e tinha um "rival ideal" pela frente, pois jamais perdeu como mandante na competição para os catarinenses.
A festa começou na entrada da equipe ao gramado, com mosaico, efeito pirotécnico, muita fumaça cantoria alta. Destaque nas seleções pela Data Fifa, o argentino Almada e os brasileiros Luiz Henrique e Igor Jesus eram as maiores esperanças por mais uma vitória no Brasileirão.
Seriam necessários paciência, velocidade e capricho diante de um oponente fechado, postado todo atrás e sem esconder que buscaria somente os contragolpes. A primeiro oportunidade veio aos cinco minutos, em cabeçada torta de Igor Jesus.
No jogo de ataque contra defesa, a marcação catarinense se sobressaia, dando enorme dificuldade nas infiltrações e obrigando o Botafogo e tentar em finalizações de longa distância, sem êxito. Igor Jesus saía da área para poder tocar na bola. Centralizado era presa fácil aos defensores. E foi o aplicado Criciúma quem assustou, em duas batidas de Fellipe Mateus.
Para quem imaginava que o Botafogo pudesse repetir aqueles 6 a 0 diante do Criciúma no Maracanã em 2014, a história do jogo desta sexta-feira era bastante diferente, com os cariocas sofrendo em campo até para concluir jogadas. Savarino pouco aparecia e a torcida se irritava com a postura rival.
Irritado com a postura do Criciúma, o técnico Artur Jorge chegou a bater boca com o banco de reservas adversário. Devia assumir, contudo, que sua equipe não conseguia superar a estratégia reativa dos visitantes. Sem criatividade e errando muitos passes, o Botafogo foi para o vestiário com empate depois de apelar muito aos improdutivos chuveirinhos.
O Botafogo voltou do intervalo sem mexidas e com uma recomendação: controlar a ansiedade. Com menos de um minuto, Luiz Henrique se livrou da marcação e deu o gol para Vitinho. Dentro da área, sozinho, o lateral mandou pelo alto, raspando o travessão.
Com gritos de "vamos ganhar, Fogo, vamos ganhar, Fogo", a torcida tentava chacoalhar a equipe pelo primeiro gol que faria o Criciúma se obrigar a desfazer a retranca. Os visitantes já pareciam não ter forças e fôlego para impor a forte marcação dos primeiros 45 minutos. E sofriam. Gustavo salvou na batida colocada de Luiz Henrique.
O lance explodiu as arquibancadas, que aumentaram o som. Mas o goleiro ficou no chão para tentar esfriar o ânimo do Botafogo, cada vez mais perto da abertura do placar e, enfim, chegando seguidamente com perigo.
O relógio virou um rival a mais ao Botafogo. O tempo passava rapidamente e a irritação começou a dar o tom da torcida. Arthur Jorge, também insatisfeito com a falta do gol, optou pela ofensividade de Cuiabano e o talento de Eduardo, de volta após três meses.
Os minutos finais foram de enorme tensão e a torcida que começou a noite com muito barulho era toda tensão, em silêncio e incrédula com mais um 0 a 0 como mandante - já havia esbarrado no Grêmio, em Brasília. A placa de nove minutos subiu para desespero de um lado e esperança do outro. E foi justamente nos acréscimos que dois atletas saindo do banco apareceram. Cuiabano cruzou, Gustavo perdeu a dividida com Igor Jesus e Tiquinho Soares fez o Maracanã explodir.
Nem deu tempo de festejar. Logo depois da saída, Bolasie recebeu livre e cruzou para Felipe Vizeu empatar. O drama voltou a dar a tônica no estádio. No último lance, em bate e rebate na área após milagre de Gustavo, o zagueiro Alexander Barboza anotou, mas o auxiliar anotou irregularidade no lance. Após consulta ao VAR, o toque de mão do defensor acabou confirmado para enorme frustração da torcida presente.