Após um dia de atraso na COP29, países concordam em US$ 300 bi para combate às mudanças climáticas

Esse resultado final do acordo alcançado em Baku foi recebido com decepção por entidades ambientais e países em desenvolvimento

Com um dia de atraso do prazo estabelecido, a 29ª conferência do clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP29, chegou a um acordo neste sábado (23), para um texto final que vai resumir as negociações climáticas de Baku. Entre os pontos principais, está o valor pleiteado para os gastos pelos países em desenvolvimento, junto aos países ricos, para financiar a ação climática global. As informações são do g1.

O valor pleiteado pelos representantes dos países, incluindo a ministra do Meio Ambiente do Brasil, Marina Silva, era de US$ 1,3 trilhão, mas o novo texto da "COP das Finanças", como vem sendo chamada esta cúpula, apresentou uma meta de US$ 300 bilhões por ano - cifra maior que o número divulgado no rascunho da última sexta (US$ 250 bilhões anuais).

Esse resultado do acordo alcançado em Baku foi recebido com decepção por entidades ambientais e países em desenvolvimento. A cúpula deveria ter sido finalizada na sexta-feira (22), porém foi prorrogada, já que negociadores de quase 200 países tentavam chegar a um acordo sobre um plano de financiamento climático para a próxima década.

"Esta COP foi um desastre para o mundo em desenvolvimento. É uma traição às pessoas e ao planeta, por parte dos países ricos que afirmam levar a sério as alterações climáticas", declarou Mohamed Adow, diretor do "think tank" Power Shift Africa. 

Após o encerramento formal das negociações, a representante da Índia também se opôs à adoção do acordo, assim como a representante da Bolívia, que chegou a dizer que o documento "consagra a injustiça climática" e "consolida um sistema injusto". Já a negociadora da Nigéria chamou o valor de "piada". 

Ânimos exaltados na COP29

Os ânimos se exaltaram no encontro, e as delegações dos pequenos Estados insulares e dos países em desenvolvimento chegaram a abandonar a reunião para protestar contra o projeto de acordo em andamento. 

"A falta de um número claro e a incapacidade de o texto traduzir a realidade da crise climática atual são pontos de grande preocupação", revelou Renata Potenza, especialista em Política Climática do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora). 

Caso a COP de Baku não chegue aos resultados esperados, a responsabilidade sobre a próxima conferência, a COP30 no Brasil, aumentará porque, depois de anos de negociações difíceis e avanços limitados, será essencial que os países apresentem metas mais claras, assim como ações práticas e avanços concretos.