As recorrentes temperaturas elevadas dos últimos anos não são exclusivas do Brasil. Dados climáticos globais divulgados nesta terça-feira (10) mostram que o ano de 2022 foi o quinto mais quente no mundo, desde que há registros. Isto fez aumentar para níveis recordes as concentrações de gases de efeito estufa e persistido fenômenos como o La Niña.
Segundo o Copernicus Climate, instituto de pesquisa sobre o clima da União Europeia que reune dados globais desde 1959, o ano de 2022 foi o quinto mais quente no período, sendo desbancado por 2016, 2020, 2019 e 2017.
Com base em recomendações da Organização Mundial de Meteorologia (OMM), as médias climatológicas são feitas durante o período de 30 anos mais recentes, 1991 a 2020. Com isso, a temperatura média foi 0,3°C acima do que o período em questão, e aproximadamente 1,2°C acima da segunda metade do século 19, 1850 a 1900.
Em algumas regiões como Oriente Médio, Ásia Central, parte da Europa Ocidental, nordeste e noroeste da África, e países como China, Coreia do Sul e Nova Zelândia, 2022 foi o ano mais quente.
EFEITO ESTUFA
As concentrações de gases responsáveis pelo aquecimento do planeta, dióxido de carbono e metano, atingiram níveis recordes desde 2003, quando começaram os registros de satélites.
A quantidade de dióxido de carbono aumentou aproximadamente 2,1 parte por milhão (ppm), para um total em torno de 417 ppm, e o de metano aumentou cerca de 12 partes por bilhões (ppb), para 1.894 ppb.
FENÔMENO LA NIÑA
Lã Nina é um evento climático e fenômeno oceânico-atmosférico caracterizado pelo resfriamento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico. Ele é classificado como uma anomalia climática.
Esse fenômeno acontece, em média, em um intervalo de dois a sete anos, e provoca alterações significativas nos padrões de precipitação e temperatura ao redor da Terra. Entretanto, pela primeira vez, 2022 foi o terceiro ano consecutivo da anomalia.
Por se tratar de um oceano que cobre um terço da superfície terrestre, as consequências dessas alternâncias são muito amplas e repercutem na distribuição de calor e umidade em diversas partes do mundo, causando problemas como regime de chuvas abaixo da média.
IMPACTOS MUNDIAIS
São inúmeros casos nas regiões de temperaturas mais baixas. Segundo o Serviço de Monitorização do Copernicus, as temperaturas relativamente baixas e a elevada precipitação no Leste da Austrália, em 2022, "são características climáticas tipicamente associadas às condições do La Niña".
Em julho e agosto, as chuvas no Paquistão atingiram níveis recordes, provocando grandes inundações no país, causando mais de mil mortos. Na estação científica Vostok, no interior da Antártida Oriental, a temperatuda chegou a -17,7°C, a mais quente em 65 anos.
A Goenlândia, região autônoma da Dinamarca, teve em setembro temperaturas 8°C acima da média, um recorde desde pelo menos 1979. Os dados divulgados hoje mostram ainda que o gelo no Oceano Antártico atingiu em fevereiro sua "menor extensão mínima" em 44 anos de registros de satélite.