Wanessa Camargo surpreendeu os internautas ao revelar, na terça-feira (16), que passou por um processo de "afrobetização" para se manter atualizada sobre pautas raciais após ser expulsa do BBB 24. A cantora replicou o termo, uma junção de "afro" com "alfabetização", criado pela especialista em diversidade e professora Carol Sodré. Apesar de não ser a autora da denominação, a artista foi extremamente criticada por usá-lo.
A famosa propagou a "afrobetização" no dia em que lançou "Caça Like", música que definiu como um grande desabafo de tudo o que viveu no pós-BBB. Ela escreveu, em post no seu Instagram desta terça (16), junto com imagem de divulgação da música: "Ao sair do BBB, fui bombardeada de informações e cobranças. Precisei de um tempo para me organizar e entender a dimensão de tudo que tinha acontecido”.
“Busquei profissionais que pudessem me auxiliar nesse processo e tenho refletido muito sobre diferentes aspectos da minha vida. Foi assim que iniciei meu processo de afrobetização. Me refaço enquanto pessoa e artista, e 'Caça Like' vem nessa toada, enquanto manifesto para o linchamento virtual sem a possibilidade de troca. Reconheço minhas falas e atitudes, mas acredito em uma reconstrução por meio do diálogo. Senhores perfeitos, lhes apresento a nova Wanessa: imperfeita, que assume seus erros, mas reconhece seus valores e sua história", continuou.
No X (antigo Twitter), a cantora reiterou o termo "afrobetização", referindo-se às acusações de racismo contra Davi. Ela possivelmente achou que seu discurso de divulgação de "Caça Like" e de defesa da nova autoimagem seriam bem aceitos, mas o termo utilizado foi alvo de uma enxurrada de críticas, assim como o comentário em si da famosa.
Um dos incomodados com o nome inventado foi o ex-BBB Fred Nicácio. Ele ironizou a declaração da cantora: "Eu já li de tudo, mas essa é nova", escreveu, nesta quarta-feira (17), em seu "X". Um internauta comentou: "Primeiro módulo de 'afrobetização' da acéfala Wanessa Camargo, introduzido, digo, concluído com sucesso". Um outro indagou: "Família, mas eu tenho uma questão sobre afrobetização. Seguinte: Quem é negro já nasce afrodidata?! As pessoas agora não serão mais chamadas de racistas e sim de anafrobéticos?". Uma terceira escreveu: "Eu não sabia do termo afrobetização. Eu não conhecia a professora de afrobetização, não sabia que branca tb tava interessada em dar curso de como gerir crise por racismo. Babado kk. Eu realmente vivo num mundo paralelo".
Entenda
A "afrobetização" denominada por Wanessa foi uma tentativa de não errar mais com relação a pautas raciais. Para tanto, a professora Carol Sodré, que é ativista e especialista em diversidade, contou que a equipe da artista a procurou depois da entrevista da famosa no "Fantástico", da TV Globo, em 17 de março. Segundo Carol, ela e outros mestres e doutores em pautas raciais criaram um curso para ajudar pessoas com dificuldade em entender as questões de raça na sociedade. A especialista chamou o processo de "afrobetização", termo repetido incessantemente pela famosa.
A especialista detalhou quando aconteceu o contato entre ela e Wanessa: "Um tempo depois da expulsão dela, a equipe veio me procurar pedindo uma orientação, principalmente um letramento racial. De cara eu entendi que não seria um desafio fácil, já que a cantora tem exposição nacionalmente", avaliou.
A professora contou que começou a trabalhar com a famosa após ela apagar o vídeo em que pedia desculpas e admitia ter reproduzido racismo estrutural com Davi. "A gente teve que pensar em como consolidar uma informação com ela em um tempo que não está a nosso favor, porque ela precisava, naquele momento, ir para as mídias e se posicionar, mas se posicionar de forma mais assertiva, responsável e alinhada com a pauta [racial], sabendo que, uma vez que você é atrelada a comportamentos que te tragam para a pauta, você vai carregar isso para o resto da sua vida se não fizer algo responsável com relação a isso", explicou.