Hospital que vazou dados sigilosos de Klara Castanho é condenado a pagar indenização de R$ 200 mil

Enfermeira da unidade de saúde revelou à imprensa que atriz tinha sido estuprada e iria entregar bebê à adoção

Dois anos depois do caso Klara Castanho comover o país, o Hospital e Maternidade Brasil foi condenado a pagar uma indenização de R$ 200 mil à atriz, que atualmente pode ser vista na série "Bom dia Verônica", da Netflix. Em 2022, a unidade de saúde administrada pela Rede D’Or vazou informações sobre a gravidez secreta da famosa, fruto de um estupro.

Na época, a artista não queria que seu caso se tornasse público e pediu sigilo aos profissionais de saúde do estabelecimento. Ela estava grávida e pretendia entregar o bebê para a adoção sem que ninguém soubesse do ocorrido. No entanto, pouco após dar à luz, a jovem foi abordada por uma enfermeira que teria ameaçado espalhar sua história à imprensa. Pouco tempo depois a atriz começou a receber mensagens de um colunista de fofocas sobre o assunto e, logo em seguida, a informação vazou para o público em geral.

Como resposta, Klara processou o hospital. Dois anos depois o desembargador Alberto Gentil concluiu que houve violação de sigilo profissional, pelo fato da unidade ter fornecido a terceiros informações que eram de privacidade da atriz. Sendo assim, o hospital foi condenado a pagar R$ 200 mil em multas à jovem.

“A divulgação ilícita por terceiros viola diretamente direitos da personalidade da vítima e causa danos morais”, disse o magistrado em sua decisão, divulgada nesta quarta-feira (20), acrescentando que cabia ao hospital, desde o corpo médico até a enfermagem, o dever do sigilo. Ele também acrescentou: “Diante dos elementos constantes dos autos, reputo adequado o valor indenizatório de R$ 200.000,00, suficiente a reparar o sofrimento da autora e servir de alerta ao réu em relação à custódia e manuseio de informações pessoais sigilosas de seus pacientes”.

Desabafo

Em entrevista à Glamour em fevereiro, Klara falou pela primeira vez sobre o caso. "Todo o período desde o acontecido foi um pesadelo que ganhava novos desdobramentos. Eu simplesmente não queria viver aquilo. Nunca quis me pronunciar, e jamais para esconder das pessoas, e sim porque não tinha digerido o que aconteceu. Fui obrigada a externalizar de forma muito brutal o que vivi. Achei que poderia levar para o caixão toda aquela dor e, quando fui exposta, me senti extremamente vulnerável", desabafou.

Ela também confessou, durante a conversa, que levou pelo menos um ano para digerir "não só o momento fatídico e a consequência física dele, mas a exposição". "Quando minha privacidade foi invadida, não sabia onde me apoiar em mim mesma. Eu tinha minha família, tinha uma equipe profissional, um time jurídico, mas estava desamparada em mim. Eu não dormia, meus pais não dormiam. A gente chorava junto dois dias e dormia um, porque não tivemos tempo de assimilar. Nunca vamos nos acostumar com a ideia do que aconteceu", abriu o coração.