Drauzio Varella foi responsável pelo tratamento de um câncer de pele que Jô Soares (1938-2022) enfrentou na década de 1980. Devido o diagnóstico, os dois se tornaram amigos e o médico esteve presente nos últimos momentos da vida do apresentador. No documentário da Globoplay, 'Um Beijo do Gordo', lançado no último domingo (28), o profissional de saúde contou que o apresentador queria "dirigir a cena final".
Por estar muito fraco, Jô não conseguiu retornar para sua casa. O apresentador ficou num quarto no hospital, com luz baixa e uma TV transmitindo filmes antigos.
"Ele disse: 'Não quero fazer hemodiálise, não quero ir para UTI (Unidade de Terapia Intensiva), não quero ser intubado. Tá bom assim'. Eu falei: "Falei: 'Pô, Jô, você quer dirigir até a cena final?'. Ele riu na hora e falou: 'Exatamente. Eu quero dirigir a cena final'", contou.
Além de Drauzio, estavam no hospital com Jô Soares, Carlos Jardim, médico que cuidava do caso de Soares, Flávia Pedras, ex-mulher do apresentador; e Zélia Duncan, cantora e atual mulher de Flávia.
"Eu gostaria muito de terminar os meus dias como ele terminou os dele. Ele chamou a gente, as pessoas mais íntimas, e disse: 'Eu vivi 84 anos. Vivi muito bem, fiz muitas coisas. Eu não quero viver a qualquer preço. O que eu queria mesmo agora era ir pra minha casa e morrer vendo os filmes antigos que eu gosto'", contou.
'Não posso me queixar, fiz tudo que eu queria'
Durante o depoimento, Drauzio também fez uma reflexão sobre a sabedoria do apresentador.
"Olha que eu tenho experiência com doentes em fase terminal, fiz isso a vida inteira. Mas é difícil você ver alguém com essa tranquilidade. Com essa sabedoria de chegar num momento como esse e dizer: 'Deu, né? Não posso me queixar, fiz tudo que eu queria'".
Morte de Jô
Jô Soares morreu aos 84 anos de idade, após passar uma semana internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para tratar uma pneumonia.
A notícia da morte do artista foi dada, primeiramente, por Flávia Pedras, sua ex-esposa e melhor amiga.