Um vídeo postado pela apresentadora Adriana Bombom no Instagram tem gerado polêmica. Na gravação, Bombom faz compras em uma loja Zara. Nas redes sociais, pessoas criticam o fato de a apresentadora estar na loja acusada de racismo e denunciada pela Polícia Civil no Ceará, após preconceito cometido, em setembro, contra a delegada Ana Paula Barroso.
O estabelecimento em Fortaleza, segundo a Polícia, tem um código, “Zara Zerou”, para discriminar clientes.
Com a repercussão negativa da publicação, Bombom postou fotos e textos falando sobre o assunto. “Sou negra e não me vitimizo! E ocupo sim os espaços que merecemos frequentar!”, diz o título de uma das postagens.
“Quero dizer que o objetivo não era ofender e nem desmerecer ninguém, pois eu me assumo muito bem como uma mulher negra e uma mulher do povo, pois sou de origem muito humilde, passei a minha infância num orfanato e depois fui viver num quarto de empregada na zona sul do Rio até ficar adulta. Como muitas negras eu também já passei por vários perrengues de preconceito, mas eu nunca me rendi às discriminações”.
“Reclamem seus direitos”
Ela completa: “frequento de cabeça erguida todos os tipos de lugares, dos mais simples aos mais sofisticados. Mesmo já tendo passado por situações discriminatórias, eu sou uma pessoa alegre e bem resolvida com a minha raça, com a minha cor, com meus cabelos e com a minha vida”.
A apresentadora também defendeu que “ao invés de deixar de frequentar, por que esse povo não levanta a cabeça e persiste em ocupar os espaços que acham que merecem? E se por acaso, acontecer algo ruim, que reclamem seus direitos, que busquem a lei e que punam os responsáveis, como a delegada de Fortaleza fez”.
Na postagem ela ressalta que há muitos anos é cliente da loja, gosta dos produtos e nunca se sentiu discriminada.
As críticas continuaram e ela fez outra publicação na qual afirma “Sou negra e sou livre”. Bombom destaca que não vai deixar de frequentar alguns espaços como lojas, restaurantes e shoppings “por causa do espírito atrasado de algumas pessoas preconceituosas”.
No caso da loja Zara de Fortaleza, ela afirma que achou “a situação lamentável”, mas argumenta que “provavelmente ocorreu em razão da atitude pessoal de funcionários despreparados, do que de uma política de uma empresa que tem lojas no mundo inteiro, inclusive na África”.
Caso de racismo na Zara Fortaleza
Em Fortaleza, na investigação do caso de racismo contra a delegada Ana Paula Barroso, ocorrência cujo inquérito policial terminou com o indiciamento do gerente português Bruno Filipe Simões Antônio, de 32 anos, pelo crime de racismo, a Polícia descobriu que pessoas negras e julgadas como "mal vestidas" eram alvos do alerta "Zara zerou" na loja.
Conforme as investigações, testemunhas (entre ex e atuais funcionários da Zara) relataram, durante depoimento, que o código "Zara zerou" era disparado no alto-falante da loja quando entravam clientes fora do padrão desejado pela loja.
Quando a informação foi divulgada, em outubro, a Zara Brasil, em nota, negou a existência do suposto código. E declarou: "A Zara rechaça qualquer forma de racismo, que deve ser tratado com a máxima seriedade em todos os âmbitos. A Zara Brasil conta com mais de 1800 pessoas de diversas raças e etnias, identidades de gênero, orientação sexual, religião e cultura. Zara é uma empresa que não tolera nenhum tipo de discriminação".