A Sociedade da Neve: Saiba por onde andam os sobreviventes do acidente que inspirou filme

O acidente aéreo ocorreu em outubro de 1972, em que 16 pessoas sobreviveram

Em 13 de outubro de 1972, o voo 571 da Força Aérea do Uruguai caiu na Cordilheira dos Andes, com 45 pessoas dentro da aeronave. Apenas 16 passageiros sobreviveram após 72 dias enfrentando falta de comida e a desidratação. O drama deles foi retratado no filme "A Sociedade da Neve", que teve estreia no dia 4 de janeiro. As informações são da CNN Brasil.

Para se manterem vivos por mais de dois meses, eles precisaram se alimentar dos corpos das pessoas que já tinham morrido. A decisão foi tomada em conjunto, que acordaram ceder os corpos para ajudar na sobrevivência dos outros. 

Conheça os sobreviventes da tragédia dos Andes

Fernando "Nando" Parrado

Fernando "Nando" Parrado, 74 anos, era estudante de engenharia mecânica durante a época do acidente. Porém, após a queda do avião, abandonou os estudos e se dedicou aos negócios.

Ele tinha apenas 22 anos quando ocorreu a queda, ficando quatro dias inconsciente por conta das feridas. Os companheiros acreditaram que ele estava morto, mas Nando sobreviveu. A mãe dele tinha morrido e a irmã estava gravemente ferida. 

Conforme Nando, foi o amor que ele sentia pelo pai que o tirou das montanhas. Ele tinha o sonho de contar para Seler Parrado que estava vivo. Assim, ao lado de Roberto Canessa e Antonio Vizintín, participou da última expedição para salvar o grupo. 

Depois do acidente, Nando se dedicou aos negócios e passou a trabalhar na empresa da família, que tinha uma rede de lojas de ferragens. Ele também se dedicou ao automobilismo, sendo piloto. 

Ele também foi apresentador e produtor de um programa de televisão. Nando ainda escreveu o livro "Milare nos Andes" e viajou pelo mundo com palestras motivacionais a partir da experiência dele de vida. O empresário uruguaio é casado com Veronique Van Wassenhove e duas filhas: Verónica e Cecília.

Roberto Canessa

Roberto Canessa, 71 anos, era estudante de medicina e jogador de rugby do Old Christian. Durante o período nas montanhas, ajudou a cuidar dos companheiros que sobreviveram à tragédia dos Andes.

Com Nando Parrado, Roberto caminhou por dez dias até encontrar ajuda. Ele se casou com a noiva da época, Laura Surraco, e continuou jogando rugby por mais alguns anos. Além disso, também se formou em medicina e se tornou cardiologista pediátrico

Recebeu três vezes o Prêmio Nacional de Medicina do Uruguai. Roberto também é professor do programa de pós-graduação em Cardiologia Pediátrica da Faculdade de Medicina do país. 

Em 2016, publicou o livro "I Had to Survive". Ele tem três filhos e seis netos. 

Roy Harley

A primeira viagem de avião de Roy Harley ocorreu a bordo do voo que caiu. Ele ficou com trauma de viagens aéreas. 

No início, ele pesada 85 quilos e foi resgatado com 37. Era estudante de engenharia, e foi responsável por consertar um rádio que ajudava os sobreviventes a escutarem notícias sobre o ocorrido do acidente deles. 

Roy também tentou consertar o rádio do avião, mas não teve sucesso. Ele se formou em engenharia e trabalhou em uma empresa de tintas. 

As fotos da montanha foram tiradas por ele, que tinha a única câmera fotográfica do grupo. Ele é casado e teve três filhos. 

Antonio “Tintim” Vizintin

Antonio “Tintim” Vizintin também fazia parte do time de rugby do Old Christians Club. Quando jogavam, recebia mais rebatidas para o benefício da equipe e, nas montanhas, seguiu com essa atitude. 

Quando acompanhou Nando e Roberto Canessa na expedição final, ele escalou a montanha carregando a mochila mais pesada, com cerca de 40 quilos. Ao chegarem no topo e perceberem que a caminhada ainda seria longa, decidiram que ele retornaria ao avião e deixaria o resto de comida para os amigos continuarem viagem. 

Ele esteve presente em quatro dos dez dias da expedição final. Após o resgate, terminou os estudos de Direito, também trabalhou em uma empresa importadora de produtos químicos, e foi presidente da União Uruguaia de Rugby. 

Vizintin casou três vezes. Ele se divorciou uma vez, e a esposa com quem teve dois filhos morreu.

Gustavo Zerbino

Durante os 72 dias na montanha, Gustavo Zerbino passou a guardar as "lembranças" dos amigos que morreram para levar aos familiares das vítimas. Ele chegou a afirmar, diante dos helicópteros de resgate, que só iria se também pudesse levar a mala com os pertences. 

Assim como Roberto, era estudante de medicina e ajudou a cuidar dos feridos nas montanhas. Ele se formou em Medicina. Em uma parte de sua casa, tem as fotos dos que morreram, e Zerbino se considera um guardião das memórias, mesmo que ninguém tivesse pedido. 

Após o acidente, Zerbino continuou jogando rugby, fazendo parte da seleção uruguaia. Ele presidiu a União Uruguaia de Rugby por vários anos e também foi presidente da Associação Química e da Câmara de Especialidades Farmacêuticas e Afins do Uruguai.

O sobrevivente se casou e teve quatro filhos, mas se divorciou. Como outros amigos que estiveram no acidente, ele dá palestras motivacionais.

Adolfo "Fito" Strauch

Adolfo Strauch era estudante de Engenharia Agronômica antes do acidente, sendo colega na faculdade de Daniel Fernández e “Coche” Inciarte.

Durante os 72 dias depois da queda do avião, Fito, junto com os primos, ficou responsável por cortar os corpos. Ele também inventou a máquina de derreter o gelo e criou os óculos de sol feitos a partir dos restos do avião. 

Fito se casou com Paula e teve três filhos. Evita aparecer em público e mora no interior do Uruguai, mantendo uma fazenda de gado.

Eduardo Strauch

Primo de Fito, Eduardo Strauch era jogador e foi o cofundador do time de rugby Old Christians Club. De uma família rica, com negócios no setor bancário, alimentício e de jóias, ele já tinha viajado pela Europa antes do acidente. 

Era estudante de Arquitetura, e se formou depois do acidente. Eduardo se casou e teve 5 filhos. 

Anos após o acidente, um alpinista mexicano encontrou a jaqueta dele e os documentos nos destroços do avião, nos Andes.

Ele tem o costume de ir todos os anos ao local do desastre com as pessoas que quiserem acompanhá-los. 
Em 2012, publicou o livro “Do Silêncio”.

Daniel Fernández Strauch

Daniel Strauch fez a viagem com os primos Eduardo, Fito e Daniel Shaw. Mas Shaw morreu no acidente. Com os primos, cortou e secou a carne para que os outros companheiros não soubessem a quem pertencia. 

Após o resgate, Daniel se casou e teve três filhos. Também se tornou um empresário, responsável por dirigir uma empresa de informática e tecnologia. Em 2012, publicou o livro “Retorno da Montanha”.

Ramón “Moncho” Sabella

Apesar de não ser parte do time de rugby, Ramón Sabella decidiu acompanhar dois amigos ao Chile, para uma "viagem de férias". Ele foi com “Bobby” François e “Carlitos” Páez.

Após o acidente, ele viveu entre Montevidéu e Punta del Este, trabalhando como empresário. Com perfil discreto, evitou falar sobre a experiência em respeito às famílias dos que não retornaram. 

Somente com o tempo decidiu dar palestras e entrevistas pelo impacto da história na vida das pessoas. 

Carlos Páez

Carlos Páez, também conhecido como Carlitos Páez, tinha 18 anos na época do acidente, sendo o mais novo do grupo do time de rugby. Ele é filho do pintor e artista Carlos Páez Vilaró. 

Carlos Vilaró financiou equipes de buscas durante os 72 dias após a queda do avião, e leu a lista de sobreviventes no rádio. 

Durante os mais de dois meses na montanha, fez o grupo rezar um terço todas as noites, e contou piadas para melhorar o clima. Também foi responsável por montar o saco de dormir que os expedicionários usaram na última tentativa de encontrar ajuda. 

Carlitos se tornou empresário, publicitário, escritor e palestrante motivacional. Após o acidente, teve problemas de dependência de álcool e drogas, mas conseguiu superar. Ele se casou e teve María Elena de los Andes e Carlos Diego. Os nomes são homenagens a seus amigos Diego Storm e Gustavo Diego Nicolich.

Javier Methol

Javier Methol tinha 36 anos na época, e decidiu viajar para o Chile a fim de comemorar o aniversário de casamento com a esposa Liliana. Eles tinham quatro filhos, mas ela morreu em uma avalanche nos Andes.

Ele trabalhou em uma tabaqueira. Após o acidente, se casou novamente e teve mais quatro filhos. Javier faleceu em 2015. 

José Pedro Algorta

José Algorta era estudante de Economia e conhecia apenas os amigos Arturo Nogueira e Felipe Maquiarrán, que ambos morreram na queda. Depois do resgate, continuou os estudos na Universidade de Buenos Aires e fez mestrado em Administração de Empresas na Universidade de Stanford.

Foi diretor de uma fábrica de cervejas e bebidas. Algorta se casou com  Noelle Sauval em 1974, com quem teve três filhos e dois netos. Em 2015, publicou o livro “As montanhas ainda estão lá”.

Alfredo “Pancho” Delgado

Alfredo Delgado, com 25 anos na época do acidente, era estudante de Direito. Ele acompanhou os amigos Numa Turcatti e Gaston Costemalle, que morerram no acidente.

Foi Pancho que revelou à imprensa e à sociedade que sobreviveram comendo carne humana. Após isso, evitou aparecer para dar entrevistas. 

Pancho se formou em Direito e casou com a namorada da época, Susana Sartori. Os dois tiveram quatro filhos e abriram um cartório.

Roberto “Bobby” François

Roberto "Bobby" François fazia parte do time de rugby. Sendo uma figura discreta, pouco se sabe sobre ele, sendo descrito como reservado, simples, gentil e simpatico. 

Bobby se casou com Graciana Manini e teve seis filhos. Ele é técnico e produtor agrícola.

José Luis “Coche” Inciarte

José “Coche” cursava Engenharia Agronômica, e era um dos mais velhos do grupo. Durante o período nas montanhas, ficou com uma ferida no pé e teve a mobilidade comprometida nos últimos dias.

Após o resgate, Coche se casou com Soledad, a namorada de infância, e teve três filhos. Ele trabalhou no setor de laticínios e foi um dos maiores produtores de laticínios do Uruguai. 

Em 2018, publicou “Diário de um Sobrevivente: Memórias dos Andes”.

Coche morreu aos 75 anos de câncer, em julho de 2023, sendo um dos primeiros a ver o filme "A Sociedade da Neve". 

Álvaro Mangino

Álvaro Mangino ficou com um ferimento grave após o acidente, quebrando a perna esquerda. Nas primeiras horas, Roberto Canessa reposicionou os ossos da melhor maneira possível. 

Ele ficou 72 dias sem andar, pendurado em uma rede improvisada dentro das ruínas do avião. 

Ele se casou com a namorada Margarita Arocena e veio morar no Brasil. Teve quatro filhos e vários netos. De volta no Uruguai, trabalhou em uma empresa de aquecimento e ar condicionado.