O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) anunciou que o acesso à plataforma Lattes foi completamente restabelecido na noite desse sábado (7). O sistema ficou fora do ar e passou por diversas instabilidades por duas semanas, desde o dia 24 de julho.
No documento, o órgão responsável disse que o acesso voltou a funcionar possibilitando a atualização dos currículos e do cadastro de novos usuários. A nota diz ainda que o serviço de extração dos currículos dos pesquisadores já havia sido restaurado.
Os dois sistemas são de responsabilidade do CNPq, órgão ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, e responsável pelo fomento à pesquisa no País.
Durante o apagão, o Governo Federal garantiu que nenhum dado havia sido perdido. A perda de informações era um temor entre pesquisadores e funcionários do órgão.
Queima de dispositivo
O apagão no Lattes, segundo informação oficial, foi provocado pela queima de um dispositivo em um equipamento que tem a função de controlar os servidores onde as plataformas ficam hospedadas. Isso teria ocorrido durante a migração dos dados para um novo servidor.
Em e-mail obtido pela Folha de S. Paulo, um funcionário do CNPq relatou, no último dia 26 de julho, que o principal servidor do conselho fora atingido e que o equipamento estaria fora da garantia e sem contrato de manutenção. Isso impediria um reparo imediato e traria a necessidade de contratação de empresa externa, como de fato ocorreu.
Questionado pela Folha, o CNPq e o Ministério da Ciência não responderam sobre a operação estar sem garantia e manutenção.
Acesso parcial após 10 dias de apagão
No dia 3 de agosto, após dez dias de apagão, o governo Jair Bolsonaro havia restabelecido o acesso parcial à plataforma. Na ocasião, não era possível fazer atualizações dos currículos, mas estava disponível a opção de impressão e download.
O Lattes é um banco de dados com todos os currículos de pesquisadores, e ações como a aprovação de bolsas dependem da consulta à plataforma. Já pela Carlos Chagas é que se operacionalizam chamadas públicas e editais de fomento à pesquisa, gestão e pagamento de bolsas.
Funcionários apontam a falha como reflexo da queda de orçamento pela qual vive o CNPq, mas isso foi rechaçado pelo presidente do Conselho.
O órgão tem em 2021 o menor orçamento ao menos desde 2012, mesmo em valores nominais. A dotação atualizada do órgão para o ano é de R$ 1,2 bilhão -entre 2013 e 2015, por exemplo, o orçamento executado superou os R$ 2 bilhões.