Levantamento feito pelo Sindicato dos Estabelecimentos Particulares do Ensino do Ceará (Sinepe) registra que 318 instituições de ensino privado encerraram atividades em 2020. Estão incluídas no número escolas de ensino básico, faculdades, cursos de língua e cursos profissionalizantes de todo o Estado. O sindicato segue pressionando o governo estadual para a volta das aulas presenciais para mais alunos.
“Um documento foi direcionado ao governador através da Casa Civil onde o Sinepe requer a retomada das atividades presenciais de todas as séries, sem limite de percentual, e das aulas do ensino superior”, relata a presidente do sindicato, Andréa Nogueira.
O pedido, protocolado em janeiro, já é o segundo com o mesmo tema. O primeiro foi enviado ainda em dezembro de 2020. Sem novo decreto publicado pelo governo com a virada do ano, o sindicato decidiu insistir.
Andréa explica que parte das instituições fechadas em 2020 foram faculdades localizadas no interior do Estado. Além de serem de pequeno porte e não terem estruturas para o ensino remoto, essas instituições do ensino superior atendiam a diversos alunos com dificuldades de acesso à internet, segundo a presidente.
“Hoje é permitido que esses jovens adultos estejam em todos os outros ambientes, como cinema, praia, festinha, e não podem estar em um ambiente escolar”, argumenta. Atualmente, o ensino superior só pode realizar aulas práticas.
Queda no número de matrículas na educação infantil
Apesar de funcionar com 75% da capacidade de alunos, as séries da educação infantil, segundo o sindicato, são as que apresentam os maiores índices de quedas de matrículas e rescisões contratuais. Em geral, o Sinepe aponta diminuição de 20% no número de matrículas de todas as séries, se comparados os anos de 2020 e 2021.
“A maioria dos pais já está em suas atividades profissionais, e a gente se depara com um grande número de pais optando pelo presencial, e a escola não podendo atender por ter que obedecer a uma capacidade determinada no decreto”, diz. Ela também atribui o número menor de matrículas à contração da renda de pais que perderam seus empregos.
“A gente já está num novo ano letivo, então há uma necessidade da previsibilidade”, afirma Andréa. Para ela, o cenário causa “ansiedade, nos pais e nas crianças”, além de levar as empresas do ramo da educação a demitirem funcionários. Questionada sobre a quantidade de trabalhadores da comunidade escolar que foi demitida durante a pandemia, a presidente não soube especificar.
Medidas sanitárias como justificativa para o retorno
A adoção de medidas sanitárias é um dos argumentos utilizados pelo sindicato para pedir a volta integral das aulas presenciais. “Para o aluno, funcionário ou professor entrarem na escola, eles precisam passar pela aferição de temperatura, limpar os sapatos no tapete sanitizante, passar álcool em gel, higienização das mochilas, obedecer aos espaçamentos, o distanciamento social”, relata Andréa.
Mesmo não tendo os dados de pessoas que se infectaram nas escolas, Andréa afirma que o número é baixo. Todas as pessoas que apresentam sintomas são monitoradas pela escola e pela secretaria da Saúde, bem como são impedidas de visitar o ambiente escolar, segundo as informações repassadas pela presidente.
Decisões são do comitê de saúde
Procurado pela reportagem, o governo do Estado reitera a manutenção de um diálogo com os setores econômicos, mas afirma que segue as decisões do comitê de saúde, formado por profissionais da área e cientistas. O comitê se reúne semanalmente para analisar os índices de contaminação. O decreto vigente tem validade até o dia 31 de janeiro. Até esta data, serão feitas mais duas reuniões para analisar os pedidos dos setores, conforme foi repassado pela assessoria de imprensa da Casa Civil.