O projeto "Fiocruz contra a Covid-19", da Fundação Oswaldo Cruz, vai beneficiar 18 iniciativas solidárias de seis municípios do Ceará. No total, são 145 ações escolhidas em todo o País voltadas para as populações vulneráveis, como quilombolas, indígenas, ribeirinhos e moradores de favela.
Os projetos foram selecionados por meio da Chamada Pública para Apoio a Ações Emergenciais de Enfrentamento à Covid-19 junto a Populações Vulneráveis. Entre os aprovados, 60 foram do Nordeste.
A Fiocruz deve investir 4,5 milhões de reais, provenientes de doações feitas à instituição para aplicação em ações humanitárias. As propostas se encaixam em três faixas de financiamento, segundo o orçamento apresentado: até R$10 mil; até R$25 mil e até R$50 mil. Entre os projetos cearenses, um deve receber até R$10 mil, 12 até R$25 mil e cinco até R$50 mil.
Os projetos selecionados também receberão apoio técnico da fundação com uma equipe de 70 profissionais, que farão o acompanhamento das organizações. Eles serão responsáveis por validar os conteúdos informativos produzidos e distribuídos no âmbito dos projetos e vão orientar as organizações para a execução segura das atividades previstas.
Além disso, a Fiocruz também tem realizado diversas ações junto a populações vulneráveis, como distribuição de cestas básicas e kits de higiene. A empresa cearense Enel destinou R$ 3 milhões em apoio à produção e aquisição de kits de testes de diagnósticos para a Covid-19, via campanha de arrecadação junto a companhias do setor elétrico brasileiro.
Projetos
Com sede no bairro Jacarecanga, em Fortaleza, a Associação de Amparo aos Pacientes com Tuberculose (APTU) deve receber até 25 mil reais para dar apoio, principalmente, à população em situação de rua das comunidades ao redor da sede, além dos pacientes atendidos e seus familiares.
“Muitas das pessoas que já trabalhavam com a solidariedade nas ruas precisaram parar por causa do vírus. A partir disso, a gente percebeu uma maior vulnerabilidade da população em situação de rua durante a pandemia”, afirma Argina Gondim, fundadora da APTU.
Em parceria com várias ONGs da Capital, Argina conta que desde março desenvolve ações para ajudar no combate ao coronavírus. “Sabemos que muitos dos doentes com a tuberculose estão nas ruas também e situação precisava ser tratada com ainda mais seriedade por causa do novo vírus que também poderia afetá-los. Então, entramos no edital da Fiocruz na expectativa de tentar protegê-los das duas doenças”, diz.
Outra situação preocupante colocada pela fundadora da APTU é a disseminação dentro de casa. “Com o isolamento, a chance de proliferação a partir de pacientes com tuberculose é ainda maior e se, por acaso, esses pacientes forem acometidos pelo vírus, tudo fica ainda mais delicado. Precisamos cuidar da prevenção”, pontua Argina.
A distribuição de máscaras, sabão e alimentação, já realizada pela Associação desde março, deve ser intensificada com o repasse da Fiocruz, conforme a fundadora. “A gente recebia muitas doações ainda no começo da pandemia no Estado, mas depois a intensidade das doações foi baixando muito”, comenta.
Em parceria com o Liceu do Ceará, a associação também oferece banho e atendimento médico, por meio da Rede de Médicos Populares, para as pessoas mais vulneráveis. “Chegou na hora que estava começando a faltar. Estamos com aluguel atrasado, sem dinheiro para comprar gás, entre outras dificuldades que, sem dúvidas, serão superadas com esse apoio conquistado através da Fiocruz”, pondera Argina Gondim.