Vacinação contra o sarampo atingiu apenas 53% dos bebês de até 1 ano no Ceará, em 2021

Meta era de 95%. Estado teve 3 casos confirmados da doença no último ano, mas baixa cobertura vacinal abre margem para surto da doença

Os bebês cearenses estão mais vulneráveis a um vírus associado à mortalidade infantil: apenas 53,43% do público menor de um ano recebeu a segunda dose (D2) da proteção contra o sarampo no último ano. A meta de vacinação para a doença, de 95%, foi atingida pela última vez em 2019. 

Os dados são do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI). O balanço de 2021 é referente ao período de janeiro a novembro.

Por isso, abril e maio são meses estratégicos para a proteção de crianças contra o sarampo, já que a campanha busca imunizar quem tem de 6 meses até menores de 5 anos

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A vacina que protege contra o sarampo é a tríplice viral - também eficaz contra caxumba e rubéola. No Ceará, os pequenos podem receber a primeira dose a partir de 2 de maio. Em Fortaleza, o imunizante foi antecipado e já está disponível.

“São dados que realmente nos preocupam, a gente precisa melhorar essas coberturas, garantir que essas pessoas estejam imunizadas para que a gente não tenha surtos”, explica Kelvia Borges, coordenadora da Célula de Imunização da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa).

Por isso, esse ano a campanha acontece no modelo chamado de indiscriminado. Ou seja, todo o público prioritário e na faixa etária deve ser atendido e não apenas aquelas em que o imunizante está ausente no calendário de vacinação.

“A gente tem vacinas, elas não faltam, precisamos intensificar a vacinação e o Ceará lança uma estratégia de vacinar indiscriminadamente os profissionais de saúde e as crianças de 6 meses até 5 anos de idade para garantir a imunização nessa população”, ressalta.

“Nas décadas de 1980 e 1990, vivenciamos muitos casos de sarampo e de poliomielite. No Brasil, tinha sido erradicado, a gente tinha o certificado de país livre do sarampo, por exemplo, mas em 2015 tivemos um surto”, destaca a coordenadora.

A baixa cobertura vacinal para o sarampo, que se estende para outros tipos de imunizantes, acontece em um período em que as pessoas tiveram maior receio de ir aos postos de saúde por causa da transmissão do coronavírus.

“A gente acredita que não só em 2020, mas em 2021 também, as pessoas tiveram receio de ir às unidades de saúde tomar a vacina”, observa Kelvia. 

Transmissão e sintomas

O sarampo é uma doença infecciosa aguda e pode ser transmitida com muita facilidade no contato direto, como tosse e respiro. Existe a possibilidade de contágio por partículas virais no ar, como explica a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Sintomas:

  • Febre acompanhada de tosse persistente
  • Irritação ocular
  • Corrimento do nariz.
  • Aparecimento de manchas avermelhadas no rosto, que progridem em direção aos pés, com duração mínima de três dias
  • Infecção nos ouvidos
  • Pneumonia
  • Convulsões

“Ano passado nós tivemos 3 casos confirmados, (agora) nós temos casos notificados, que vão ser investigados. Posteriormente, a Vigilância em Saúde confirma ou descarta", explica Kélvia Borges sobre o processo. Dois casos estavam em investigação durante a entrevista realizada.

"O sarampo voltou e acometeu muito a população em geral, inclusive, levando a óbitos e a sequelas definitivas", alerta a médica pediatra Vanuza Chagas sobre o cenário do País.

Esse contexto exige a volta da população aos postos de saúde e clinicas para completar a imunização.

"O fato das pessoas não se vacinarem, principalmente, crianças, idosos e os pacientes com mais risco de complicação, expõe também toda população. É importante que os pais procurem atualizar o calendário vacinal dos seus filhos", destaca.