Com a chegada da temporada de ventos fortes no Ceará, médicos alertam para o aumento significativo dos casos de doenças respiratórias. O fenômeno, característico do segundo semestre, intensifica a dispersão de partículas como poeira, ácaros, pólens e poluição, ocasionando também quadros alérgicos e infecciosos entre a população.
No Ceará, o segundo semestre é conhecido como a “temporada dos ventos”. As maiores velocidades dos ventos ocorrem na faixa litorânea e em regiões serranas. conforme pesquisadores da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). De julho a setembro ocorrem os ventos mais fortes, ficando mais intenso neste último.
Diante deste cenário, a médica infectologista do Hospital São José, Fernanda Remígio, explica que as pessoas com histórico de quadros alérgicos são as mais afetadas.
“A pessoa que tem um quadro alérgico, como a rinite, possui a mucosa nasal mais sensibilizada por conta da inflamação. Devido aos fortes ventos, os alérgenos como poeira, ácaros e outros circulam mais e podem atingir essas pessoas causando as crises alérgicas”, pontua a infectologista.
Um quadro alérgico, por atingir as vias aéreas, muitas vezes pode ser confundido com um quadro gripal ou de resfriado. No entanto, a especialista destaca que há diferenças de uma inflamação para outra.
O quadro alérgico é desencadeado pelo contato com alérgenos, como poeira e pólen. E causa espirros, leve coriza, merejamento dos olhos. O resfriado, apesar de parecido, difere da alergia. Trata-se da infecção das vias aéreas superiores, como a coriza, coceira e espirros. A gripe é um quadro generalizado, vem com febre, dor de cabeça, dor no corpo, deixa a pessoa abatida. A gripe é mais forte e o resfriado é mais leve, ambos são infecções respiratórias. Os quadros alérgicos não se tratam de infecções respiratórias.
O médico sanitarista e gestor em saúde, Álvaro Madeira Neto, explica que as pessoas que sofrem com rinite alérgica e sinusite devem ter mais atenção nesta época do ano, principalmente devido ao quadro de inflamação preexistente.
“As pessoas com rinite e sinusite estão mais suscetíveis durante a temporada dos ventos. Essas condições causam uma inflamação e congestão das vias nasais, o que pode dificultar a drenagem das secreções e criar um ambiente favorável para proliferação de vírus e bactérias”, explica o médico
Além disso, “a inflamação crônica pode enfraquecer a função da mucosa nasal que é a primeira barreira contra os patógenos”, complementa Álvaro.
COMO PREVENIR DOENÇAS RESPIRATÓRIAS
Além das pessoas com alergias e doenças respiratórias crônicas, as crianças e idosos também fazem parte do grupo de risco para contrair doenças mais facilmente. Por causa disso, Álvaro Madeira reforça a importância da prevenção.
O médico lista uma série de recomendações para evitar contrair as doenças nesta época, são elas:
- Fazer lavagem nasal;
- Manter a casa higienizada e ventilada;
- Se manter hidratado;
- Usar máscara (principalmente em dias que ventam bastante);
- Manter o calendário vacinal atualizado.
COMO TRATAR AS INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS
Algumas pessoas não conseguem seguir todas as recomendações médicas e acabam contraindo alguma infecção respiratória. Neste caso, o importante é avaliar a gravidade dos sintomas antes de buscar um posto médico, recomenda o médico
“Se tiver sintomas leves, como coriza, espirro e tosse leve, a pessoa pode tratar em casa com repouso, hidratação e sintomáticos em casa. Mas caso tenha algum problema maior, como dificuldade para respirar, é importante procurar uma unidade de saúde para análise clínica e tratamento específico”.
COMO MELHORAR A IMUNIDADE
Ao perguntar aos especialistas, a resposta é unânime. ‘Cuidar do corpo como um todo’ é uma das principais formas de manter a imunidade contra doenças. A resposta engloba uma série de fatores que agregam para uma boa imunidade.
Para a médica alergologista do Hospital Infantil Albert Sabin, Janáira Fernandes, a pergunta de como melhorar a imunidade é a pergunta ‘do milhão’. Segundo ela, ‘não há milagre’ para garantir uma boa imunidade. O organismo funciona de maneira integrada, logo, a saúde imunológica depende de um conjunto de fatores, como alimentação adequada, rica em vitaminas e proteínas, beber bastante água, principalmente nesta época de ventos, além de praticar atividade física.
A médica pneumologista do departamento de Medicina Clínica da UFC, Eanes Pereira, a alimentação, bem como a ingestão de sucos ricos em vitamina C, a prática regular de atividade física e uma boa noite de sono, são algumas das práticas que permitem que o indivíduo melhore a imunidade.
*Sob a supervisão da Jornalista Dahiana Araújo