O mosquito transmissor da chikungunya está com maior alcance em Fortaleza: 43,9% dos testes para a doença no primeiro trimestre são positivos. Essa é a maior taxa dos últimos quatro anos para o período. Já são 591 diagnósticos da doença na Capital.
Isso significa que quatro a cada 10 exames para identificar casos de chikungunya foram positivos nos três primeiros meses do ano. As informações são apontadas no Boletim Epidemiológico da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) da Capital.
O balanço do período também mostra que 473 casos foram descartados e 386 exames ainda estão em investigação este ano.
A SMS monitora como o vírus da chikungunya se espalha por Fortaleza: 65 bairros já registraram casos da doença. No mapa, é possível perceber que sete localidades concentram 73,2% dos casos:
- Jardim das Oliveiras
- José Walter
- Cidade dos Funcionários
- Parque Manibura
- Luciano Cavalcante
- Mondubim
- Planalto Ayrton Senna
Os casos da doença começaram a crescer em janeiro deste ano com 19 testes positivos. Em fevereiro, o número subiu para 143. No mês seguinte, já foram registrados 411 casos de chikungunya. A parcial de abril mostra 18 diagnósticos positivos, na atualização feita no último dia 11.
Histórico da doença
O controle de casos deixa evidente que, mesmo ainda no início do ano, 2022 também já supera os casos de chikungunya do período analisado dos quatro anos anteriores (1º trimestre):
- 2022: 591
- 2021: 184
- 2020: 254
- 2019: 275
- 2018: 584
Os primeiros casos da doença registrados, no Brasil e no Ceará, foram observados em 2014. Desde então, o período mais crítico aconteceu nos anos de 2016, com 17.791 casos, e 2017 — quando foram 61.826 diagnósticos.
Os dois anos também concentraram o número de mortes: foram 25, em 2016, e 144, em 2017. As últimas mortes pela chikungunya aconteceram em 2020, com 2 vidas perdidas para a doença.
Sintomas: de febre alta a dores intensas
A chikungunya se manifesta com febre alta de início rápido, dores intensas nas articulações dos pés e mãos, além de dedos, tornozelos e pulsos como os principais sintomas, conforme a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Também são comuns queixas sobre dores de cabeça, nos músculos e manchas vermelhas na pele. Os sintomas aparecem entre 2 e 12 dias depois da picada dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus.
A Fiocruz aponta que não é possível ter chikungunya mais de uma vez, porque o paciente adquire imunidade para a doença. Cerca de 30% dos casos não apresentam sintomas, como estima a Fundação.
Em entrevista ao Diário do Nordeste, o epidemiologista Luciano Pamplona alertou sobre o risco de sequelas da doença.
“Em uma parcela das pessoas, uma grande parcela, ela pode cronificar e causar dores crônicas por vários anos. A gente não sabe se pelo resto da vida, mas sabemos que pelo menos por seis ou sete anos”, explicou.
COMO PREVENIR?
Como ainda não existe uma vacina para imunizar contra a chikungunya, o melhor meio de prevenção é agir contra o seu agente infeccioso.
- Fazer, pelo menos uma vez por semana, uma vistoria em casa em busca de eliminar possíveis locais de reprodução do mosquito;
- Observar se a caixa d’água está vedada e se as calhas não estão acumulando água;
- Limpeza correta de tanques de armazenamento de água e bandejas de geladeira;
- Ficar atento a não deixar água acumulada embaixo de vasos de planta;
- Limpeza correta de ralos e vasos sanitários, principalmente em locais que estão sem uso;
- Não deixar objetos que acumulem água ao redor da casa, como: pneu, garrafas, copos de iogurtes, sacos plásticos e entre outros;
"É fundamental que as pessoas entendam, que 90% dos locais de reprodução do mosquito que causa a doença, estão dentro da casa das pessoas e nos entorno. Então se as pessoas cuidarem de suas casas, a gente consegue reduzir a reprodução desse vetor e suas doenças", alertou Luciano Pamplona.