Quais são e onde estão os 10 prédios mais altos de Fortaleza; veja imagens

A verticalização que já teve o Centro como ponto principal, na década de 1970 seguiu para Meireles e Aldeota. Hoje, a maior edificação da cidade está no Mucuripe.

Do primeiro “arranha-céu” inaugurado em 1931, o Excelsior Hotel, no Centro, com 7 andares, ao prédio mais alto, hoje, no Mucuripe, com 50 pisos, e 170 metros, Fortaleza viu a altura dos edifícios se transformar. A verticalização ocorre, em determinadas áreas, com mais força desde a década de 1970.

Nos últimos anos, devido a uma conjunção de fatores, dentre eles, a mudança em leis municipais, incremento de tecnologias de construção e as apostas do mercado imobiliário, edificações mais altas estão sendo erguidas na cidade. 

Em Fortaleza, o limite máximo permitido pelo Plano Diretor (lei municipal que regula e orienta a ocupação do espaço público), em zonas específicas, como trechos do Centro e da Aldeota, é de 95 metros de altura.


Em bairros nas quais historicamente há intensa verticalização, como Meireles e Dionísio Torres, em determinadas áreas, o parâmetro é de 72 metros

Mas há instrumentos permitidos em lei que podem aumentar essa demarcação. Na Capital, desde 2015, a regulamentação de alguns mecanismos dessas normas urbanísticas, como a Outorga Onerosa (na qual o construtor pode pedir à Prefeitura mudanças de alguns limites e pagar ao poder público para fazer essa alteração dentro da lei) vem ocorrendo.

Um dos efeitos é que a cidade, hoje, tem diversos prédios acima desse limite.

 
O Diário do Nordeste cruzou informações de dois rankings: o site especializado The Skyscraper Center e a companhia alemã Emporis, que coletam e divulgam dados sobre construções ao redor do mundo, e a partir deles elencou as maiores edificações da Capital. 

Confira lista dos 10 prédios mais altos de Fortaleza e a localização: 

1º - One Residencial, bairro Mucuripe - 50 pisos = 170 metros
(construído mas ainda não está em uso)

2º - São Carlos Condomínio, bairro Meireles - 33 pisos = 129,1 metros
(construído mas ainda não está em uso)

3º - Solar Praça Portugal, bairro Meireles - 34 pisos= 120 metros

4º - Momentum Office Bezerra de Menezes, bairro São Gerardo - 26 pisos = 113 metros

5º - BS Tower Multi Office, bairro Centro - 25 pisos = 109 metros

6º - Palatium Residencial, bairro Meireles - 32 pisos = 108 metros (ainda não está em uso)

7º - Torre Santos Dumont, bairro Aldeota - 20 pisos = 96 metros

8º - Torre Office, bairro Aldeota - 25 pisos = 95 metros

9º - Torre Saúde, bairro Aldeota - 25 pisos = 95 metros

10º - Edifício Cidade, bairro Centro - 30 pisos = 95 metros

Prédio mais alto

O maior deles tem 170 metros de altura e fica no Mucuripe. A edificação ainda não é habitada. A obra está em processo de acabamento. Dela é possível ver parte considerável do território de Fortaleza. Na frente, a vista panorâmica de parte da orla, com registros dos espigões da Beira-Mar, praia do Náutico, do Mucuripe, Serviluz rumo à Praia do Futuro.   

Nos arredores, milhares de imóveis e paisagens de tamanhos diversos. É possível ver edificações da Av. Washington Soares, as Dunas da Sabiaguaba, a linha do VLT, o Estádio Castelão, dentre outros pontos. O condomínio é para um grupo fechado de residentes e tem apartamentos de 608 m².  

Na lista dos 10 prédios mais altos, os bairros Meireles e Centro detêm o maior número de empreendimentos. Conforme os rankings consultados, há pelo menos outros quatro prédios com altura entre 134 metros e 165,6 metros em construção na Capital. 

O Diário do Nordeste indagou a Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) quais são as cinco edificações mais altas da Capital. Contudo, a pasta respondeu apenas que “existem atualmente em Fortaleza diversas edificações que atingem o gabarito máximo de suas zonas, não sendo possível elencar apenas cinco”. 

No Brasil, Balneário Camboriú, cidade litorânea de Santa Catarina, é o município que tem a edificação mais alta: o One Tower de 290 metros de altura e 70 andares, entregue em 2022.

Na mesma cidade, há ainda uma proposta de construção do Edifício Triumph Tower com 500 metros de altura e 140 andares. Se estruturado, ele será um dos maiores arranha-céus do mundo. 

Impactos do aumento da altura

Na década de 1930, a construção do primeiro arranha-céu de Fortaleza, à época, com 7 andares, provocou impacto na cidade cuja paisagem era composta por edificações de no máximo três pavimentos. Na atualidade, com a tendência de construções mais altas que 95 metros, esses efeitos permanecem e precisam ser observados.

“Quando verticaliza produz impacto do ponto de vista dos parâmetros ambientais. O acesso à luz, ao sol, ao vento. Quando a cidade cresce em sua altura, tem uma perturbação do campo de vento. Este edifício vai provocar uma turbulência maior no meio urbano e vai gerar uma limitação para que outras edificações vizinhas tenham acesso à luz natural, ao sol, e principalmente, num terra de clima úmido e quente, aos ventos”. 
Renan Cid Varela
Arquiteto e professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFC

De acordo com Renan, ao regular os processos de verticalização, o Plano Diretor tenta equilibrar essas questões através do planejamento. “O plano diretor determina quais áreas estão mais adequadas à verticalização porque já dispõe de infraestrutura, já tem condições de crescimento e evitando que haja excesso”, completa. 

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O arquiteto ressalta que Fortaleza não foge ao panorama das grandes cidades, sobretudo, as litorâneas, como Recife, Natal, Rio de Janeiro e Santos, com o avanço das edificações mais altas. Contudo, é preciso organizar essa dinâmica e para isso respeitar o Plano Diretor. 

“Devemos evitar, sobretudo, que os principais corredores de ventilação da cidade sejam obstruídos, condenados a uma dificuldade na circulação de ar. Fortaleza sofre influência dos ventos alísios, de leste a sudeste. Se verticalizarmos a orla mais a Sudeste, nos seus corredores que alimentam a cidade de vento, podemos ter agravamento das condições ambientais”, enfatiza. 

Lógica do mercado e equilíbrio

O arquiteto explica que na década de 1980, bairros como Meireles e Aldeota tiveram uma verticalização mais expressiva. Agora, afirma, “há outros focos, como a região Sudeste e também bairros como o de Fátima”. Ele destaca a necessidade de esse crescimento ser debatido para que “tenhamos uma cidade mais equilibrada”. 

Em relação à verticalização, o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon Ceará), Patriolino Dias, afirma que “o poder público já fez investimentos em abrir vias, esgotamento sanitário e iluminação pública. Então, quanto mais se adensar melhor para o poder público”. Ele acrescenta que quando há adensamento, há mais pessoas circulando nesses bairros “isso gera sensação de segurança melhor”, completa. 

Sobre prédios com alturas mais elevadas, Patriolino avalia que tem relação com a mudança da legislação municipal - desde 2015 Fortaleza tem regulamentado normas legais que garantem a flexibilização de alguns parâmetros urbanísticos -, mas também com uma "tendência mundial". 

“Em várias capitais se tem esse gabarito estendido. Então, você pega regiões consolidadas, como Meireles, Aldeota e Beira-Mar, que têm preços mais altos e que só se viabilizam quando são verticalizadas. Por isso que se vê agora os prédios mais altos. E tem ainda a história de que muita gente gosta de morar em andares mais altos e pagam mais caro por isso”.
Patriolino Dias
Presidente do Sinduscon Ceará

Patriolino destaca que essa estruturação de prédios ainda mais altos “naturalmente será expandido para outros bairros”, e acrescenta “só tem que ver a limitação. Guararapes é um bairro que gostaríamos de verticalizar, mas pelo limite do comando aéreo não se permite. Já no Coco há um movimento da verticalização”.

O arquiteto e professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Ceará (UFC), Renan Cid Varela, pondera que “o mercado trabalha dentro da lógica dele. Vai atrás das áreas de maior interesse. E ele cria a cidade que ele objetiva”. E também por isso, o Plano Diretor tenta limitar.  

Renan destaca que muitas vezes as áreas de maior interesse do mercado imobiliário não são as mesmas que o poder público prioriza e incentiva a verticalização para que haja desenvolvimento. “Ainda estamos sob a ótica do mercado imobiliário que não é necessariamente a mesma ótica da cidade”, pontua.