Plano contra o câncer no Ceará deve custar R$270 milhões e promete sanar ‘vazios assistenciais’

O Diário do Nordeste já revelou que, com déficit de vagas, metade dos pacientes inicia tratamento oncológico fora do prazo legal no Estado

Um plano estruturado para criar uma rede de assistência contra o câncer em todo o Ceará está em discussão no Governo do Estado. Ao todo, devem ser investidos R$270 milhões no planejamento, de acordo com o governador Elmano de Freitas.

Diário do Nordeste já revelou que, com déficit de vagas, metade dos pacientes inicia tratamento de câncer fora do prazo legal no Ceará. Além disso, a doença está entre as principais causas de mortes no Sertão Central e no Litoral Leste/Jaguaribe.

A informação sobre o novo plano foi compartilhada pelo gestor durante visita às obras do Hospital Universitário do Ceará (Huce), na última segunda-feira (9). Segundo ele, foi solicitada à bancada de deputados federais um “investimento elevado” para “implantar e custear o primeiro ano” do Plano Estadual de Oncologia do Ceará.

“São em torno de R$270 milhões para toda uma rede de tratamento do câncer, além dos hospitais regionais. Na campanha [eleitoral], prometi que levaria o tratamento do câncer para os hospitais regionais. Já implantamos no Hospital do Vale do Jaguaribe, mas queremos fazer isso nos demais e em microrregiões do Estado”, explica Elmano.

Em entrevista ao Diário do Nordeste, a secretária estadual da Saúde, Tânia Mara Coelho, detalhou que a proposta foi baseada nos planos regionais de saúde elaborados pelas Superintendências Regionais da Pasta.

“De acordo com os vazios assistenciais, foram pontuados os locais onde a gente acha que tem necessidade de colocar unidades oncológicas”, explica. A partir dessa visão geral, foram estabelecidos os municípios onde devem ser instalados: 

  • Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon)
  • Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon)
  • Mais serviços de radioterapia

Crescimento do câncer

O governador Elmano de Freitas garante que o enfrentamento ao câncer é “uma pauta do Estado”. Ele lembrou que, só em 2023, o Ceará deve contabilizar 21 mil novos casos diagnosticados da doença, segundo estimativas atualizadas do Instituto Nacional de Câncer (Inca). “Fora o acumulado que tivemos durante a Covid, e isso deve permanecer nos anos seguintes”, reforça.

Conforme o Inca, as mulheres serão as mais atingidas, com 11.170 casos prováveis. Já os homens devem responder por 9.850 diagnósticos. Os tipos mais comuns serão:

  • Homens: próstata, estômago, traqueia, brônquio e pulmão, cólon e reto
  • Mulheres: mama, colo do útero, glândula tireoide, traqueia, brônquio e pulmão e estômago

A estimativa é a principal ferramenta de planejamento e gestão na área oncológica no Brasil, fornecendo informações fundamentais para a definição de políticas públicas.

A secretária Tânia Mara afirma que o Plano Estadual ainda deve passar por discussão na Comissão Intergestores Bipartite do Estado do Ceará (CIB), onde será apresentado a gestores municipais, e em seguida ter apreciação junto ao Conselho Estadual de Saúde (Cesau).