Novo hospital da UFC e maternidade ampliada devem ser entregues em 2026; obras na Meac iniciam hoje

Recurso para equipamentos ultrapassa R$ 227 milhões, garantidos pelo Novo PAC

Escrito por
Lucas Falconery e Theyse Viana ceara@svm.com.br

A capacidade de atendimento de pacientes e de gestantes na rede pública do Ceará deve ser ampliada em 2026. É o prazo para o novo Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) e a Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac) reformada começarem a funcionar de forma plena.

Na manhã desta quinta-feira (24), o Ministério da Educação (MEC) assinou a ordem de serviço para conclusão da unidade neonatal da Meac, em obras desde 2023, e a autorização da licitação para erguer o novo HUWC.

O investimento total previsto para o Complexo Hospital da Universidade Federal do Ceará (CH-UFC) será, ao fim das obras, de R$ 227,8 milhões. Do montante, R$ 12,8 milhões serão destinados apenas à conclusão da reforma e ampliação de leitos da maternidade, e o restante à construção do novo HUWC.

Os valores são oriundos do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC).

Superlotação na maternidade

O número de leitos neonatais da Maternidade Escola será ampliado de 56 para 96, sendo 12 na Unidade de Cuidados Intermediários Canguru (UCINCa), 44 na Unidade de Cuidados Intermediários Convencionais (UCINCo) e outros 40 na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIn), de acordo com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

Edson Lucena, gerente de Atenção à Saúde da Meac, avalia que a inauguração vai impactar diretamente em dois indicadores importantes: a redução da superlotação e da mortalidade de mães e bebês.

“Isso representa um ganho gigantesco no que diz respeito à redução da probabilidade de termos superlotação nas unidades, na melhoria da ambiência e, automaticamente, redução de uma taxa importante de mortalidade infantil, que é a neonatal”, frisa.

49%
dos partos de alto risco do Ceará são feitos na Meac, de acordo com o gerente, e a unidade registra quase o triplo da taxa de prematuridade do Brasil.

O déficit de leitos, que gera a concentração de pacientes além da capacidade, é rotina nas maternidades terciárias do Ceará, como avalia Edson. “As três (Meac, Hospital Geral Dr. César Cals e Hospital Geral de Fortaleza) trabalham diuturnamente com superlotação”, reconhece, destacando que a ampliação é esperada há pelo menos 15 anos.

Arthur Chioro, presidente da Ebserh, definiu como “dramática” a situação da mortalidade materna no Estado. “Pra resolver isso, é fundamental que a gente tenha condições de receber a gestante grave e cuidar do bebê. E nosso grande estrangulamento era a quantidade de leitos: tínhamos apenas 21 leitos de UTI neonatal”, pontuou.

O pacote de obras em execução na Meac já incluiu a construção de uma nova emergência, executada com um repasse de R$ 9,6 milhões, como calcula Chioro. Os novos valores, então, serão para erguer três andares de unidades neonatais. 

Além da assistência à população, o ensino e a prática de estudantes da UFC também são impactados, como reforça Edson Lucena. “Quanto mais qualidade imprimimos na assistência, melhor formamos nossos estudantes, residentes de diversas áreas. Se amplio o número de leitos, melhoro a ambiência e permito uma assistência diferente, possibilito pesquisa de ponta, como é feito na Meac.”

Novo hospital universitário

Se de um lado a Meac já teve obras iniciadas, do outro o novo Hospital Universitário ainda terá edital de licitação lançado. A Ebserh garante, contudo, que serão de 18 a 24 meses de obras, de modo que o funcionamento deve, sim, ser iniciado até outubro de 2026.

O prédio onde a unidade funcionará foi cedido pelo Governo do Estado à UFC. No local, funcionaria o hospital do Instituto de Ciências Médicas Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ICM). Os projetos foram revisados para adequação à estrutura do HUWC.

O reitor da UFC, Custódio Almeida, afirma que o equipamento terá 17 andares, “com salas cirúrgicas robóticas, todo um funcionamento de logística automatizada, aumento de leitos de UTI e enfermaria, e uma capacidade de conforto para os pacientes de altíssimo nível”. 

250
novos leitos serão disponibilizados para a rede pública de saúde com o novo hospital, segundo o reitor da UFC, dos quais 24 são de UTI.

No total, três prédios vão compor o conjunto de blocos do novo HU, de acordo com a UFC. O governador do Estado, Elmano de Freitas, avalia que o hospital pode desafogar a assistência à população cearense, além de qualificar a formação de novos profissionais de saúde.

“Temos uma condição fundamental de aumento da capacidade de atendimento da população com máxima qualidade, porque está vinculada a uma das melhores universidades do País, a UFC. Isso significará também melhores condições de formação dos estudantes de medicina”, declarou.

Camilo Santana, ministro da Educação, frisou a importância dos hospitais universitários no fortalecimento do SUS no Estado. "Há um conjunto de investimentos importantes nas Universidades Federais do Ceará, desde o Hospital Veterinário no Cariri, o HU de Juazeiro, o Campus Iracema, que já está em licitação, a estrutura da Faculdade de Medicina em Russas e o Bloco de Odonto em Crateús", listou.